Design: O papel da diversidade e o verdadeiro exercício da empatia
- Por Carolina Cruz Perrone
- 3 min leitura
Já não é novidade o fato de que times diversos são mais inovadores. A diversidade já nem deveria precisar ser discutida e reafirmada. Ainda assim, eu gostaria de reforçar alguns argumentos do ponto de vista de times de design, visto o impacto que uma disciplina que dá forma ao mundo tem na vida das pessoas.
Dentre tantas buzzwords relacionadas ao processo de design, talvez “empatia” seja a mais mal compreendida. Quantas vezes você já ouviu que deve começar empatizando com o seu usuário? Diversas técnicas foram criadas a fim de emular processos empáticos durante sessões de workshop. Mas será que isso é mesmo possível?
Para Paul Bloom, professor de psicologia na Yale, “empatia é o ato de vir a experimentar o mundo como você acha que outra pessoa o faz”. Nesse sentido, é impossível se colocar na pele de outrem, uma vez que a experiência é individual. Como disse Camus: “Não se pode criar experiência. É preciso passar por ela.” Em seu livro Against Empathy, Bloom usa estudos clínicos e lógica simples para argumentar que a empatia, por mais bem intencionada que seja, é um guia pobre para o raciocínio moral.
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Considerando que times de design em grandes empresas projetam produtos para uma variedade enorme de clientes, a empatia pode ser limitante porque direciona a atenção para necessidades ou eventos individuais, julgados a partir de um ponto de vista individual, o que pode desorientar a tomada de decisão. Visto isso, qual seria a solução?
Diversidade de dentro para fora. A diversidade de clientes deve estar refletida na equipe de design, para que o processo de compreender a variedade de dores e necessidades presentes nos milhões de usuários impactados por uma experiência se torne um processo mais natural. O verdadeiro design inclusivo trata-se de projetar para o maior número possível de pessoas. É uma filosofia que nos encoraja a considerar como tamanho, forma, idade, gênero, sexualidade, etnia, níveis de educação, renda, cultura e costumes moldam a maneira como interagimos com o mundo. E somente um time com backgrounds diversos é capaz de projetar produtos e serviços à luz desse entendimento.
Todavia, não há diversidade sem inclusão. Como defende Vernã Myers, “Diversidade é convidar para a festa, inclusão é chamar para dançar”. E, no design, a inclusão deve ser intencional. Trata-se de identificar e remover barreiras para que todos possam participar da melhor maneira possível.
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