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Criptoverso: o presente já está sendo tokenizado

Criptoverso: o presente já está sendo tokenizado

O criptoverso, combinação de criptoativos e vida híbrida, pode transformar a economia e a sociedade, além de repensar a forma como vivemos

   Criptoeconomia é muito mais do que Bitcoin. A digitalização é uma tendência irreversível em todos os segmentos da sociedade, diluindo fronteiras com o chamado mundo físico. Este cenário é moldado por fenômenos poderosos e convergentes: as tecnologias que permitem a criação e a vivência em ambientes digitais; os sistemas de Inteligências Artificiais; a descentralização e a pulverização de inovações em campos diversos de conhecimento; e a inédita e disruptiva multiplicação dos chamados criptoativos – moedas digitais calibradas, criptografadas, comercializadas e convertidas intensamente por meio de marketplaces globais. 

   A convergência dos criptoativos com ambientes digitais, com a expansão da capacidade de processamento, com os avatares e os chamados “tokens” – similares a moedas e criados para utilização em aplicativos descentralizados, mas não nativos aos protocolos blockchain (que asseguram a integridade das transações de criptoativos típicos) – é o elemento central de uma tendência em formação, denominada “criptoverso”. 

   Em um mundo ávido por novidades e soluções inovadoras e eficientes em logística, transações, produtos, serviços e engajamento, esse criptoverso surge como um horizonte promissor. Ainda mais porque a criptoeconomia vai muito além da simples adoção de criptomoedas disseminadas, debatidas, criticadas e elogiadas como ativos digitais.

   Impulsionada pela tecnologia blockchain, originalmente concebida para uma aplicação específica, essa revolução tecnológica se revela extremamente flexível, abrindo caminho para o desenvolvimento de novas e empolgantes soluções. Assim como a internet revolucionou a forma como nos comunicamos, a criptoeconomia segue o mesmo caminho, com uma explosão de aplicações descentralizadas que transpõem barreiras e já estão mudando nossa relação com o dinheiro.

Robson Harada,
CMO do Mercado Bitcoin

   O fato é que os criptoativos estão influenciando muitas transformações na vida financeira, criando novos padrões de valor, investimentos, mercados e possibilidades, confrontando bancos tradicionais, bancos centrais, meios de pagamento, varejo e serviços. O setor financeiro, por exemplo, já é um dos mais impactados por essa revolução, com a proliferação de produtos financeiros replicáveis, baseados na tecnologia blockchain. Mas novas aplicações têm surgido também em setores diversos, como saúde, educação e energia.

   A tokenização, uma vertente promissora dentro desse cenário, transforma ativos reais em tokens digitais, criando oportunidades inéditas de fracionamento e negociação, com potencial real de democratizar o acesso a mercados como de real estate, ao tornar o investimento em bens de alto valor acessível a uma gama diversificada de investidores. Em vez de precisar juntar dinheiro para comprar um apartamento, é como se tornasse possível adquirir apenas a pia da cozinha.

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quem é quem no criptoverso

» BLOCKCHAIN
O blockchain é uma tecnologia de registro distribuído que permite o armazenamento seguro e transparente de dados em uma rede descentralizada. Essa estrutura inovadora consiste em blocos de informações interligados por meio de criptografia, formando uma cadeia imutável de transações e eventos. Graças à sua natureza descentralizada, o blockchain garante maior confiança, transparência e resistência a fraudes, tornando-se a base para a revolução digital em diversos setores.

» NFT (Non-Fungible Token)
Os NFTs, ou tokens não fungíveis, são ativos digitais únicos e indivisíveis, representando a propriedade de itens digitais ou reais no mundo virtual. Diferentemente das criptomoedas comuns, os NFTs são projetados para serem exclusivos, cada um contendo informações específicas que os diferenciam uns dos outros. Essa tecnologia tem conquistado destaque no mercado de arte, em jogos e no entretenimento, proporcionando novas formas de monetização e autenticação de conteúdos digitais.

» TOKENIZAÇÃO
A tokenização refere-se ao processo de transformação de ativos tangíveis ou intangíveis em tokens digitais, armazenados em um blockchain. Esses tokens representam a propriedade ou o acesso a determinado ativo e podem ser facilmente transferidos, comprados ou vendidos de forma segura e transparente. A tokenização tem o potencial de democratizar o acesso a investimentos, permitindo que investidores de diferentes tamanhos participem de mercados antes inacessíveis, como imóveis, obras de arte e até mesmo ações de empresas.

» CRIPTOMOEDAS
As criptomoedas são moedas digitais que utilizam criptografia para garantir a segurança das transações e controlar a criação de unidades. Funcionando em um ambiente descentralizado, essas moedas não dependem de uma autoridade central, como bancos ou governos, tornando-se um meio de troca independente e global. O Bitcoin foi a primeira e mais conhecida criptomoeda, dando início a uma revolução financeira ao inspirar o surgimento de diversas outras criptomoedas, cada uma com suas características e aplicações específicas. 

Seu potencial disruptivo abrange desde a remessa de dinheiro até a criação de modelos de negócios, transformando a forma como interagimos com o dinheiro e os sistemas financeiros.

Regulação: por onde começar

   “É importante que tenhamos regras claras para operar”, alerta Robson Harada, CMO do Mercado Bitcoin. Exatamente por isso as perspectivas de uso e de aplicação de criptomoedas têm evoluído. Diante do crescente interesse e da adoção desses ativos, os esforços do Banco Central em desenvolver uma economia tokenizada, segura, transparente e regulada assumem importância no atual momento. Em dezembro de 2022, o Brasil alcançou um marco significativo ao aprovar a Lei de Criptoativos, colocando em evidência o mercado de criptomoedas e ativos digitais. 

A DESCENTRALIZAÇÃO, A REDUÇÃO DE CUSTOS DE NEGOCIAÇÃO, OS GANHOS DE TRANSPARÊNCIA E A INTEGRAÇÃO ENTRE DIFERENTES TIPOS DE PRODUTOS E SERVIÇOS TÊM POTENCIAL REVOLUCIONÁRIO PARA AUMENTAR A EFICIÊNCIA E A INCLUSÃO FINANCEIRA

Otávio Damaso,
diretor de Regulação do Banco Central

 A nova regulamentação tem como objetivo estabelecer diretrizes claras e seguras para o uso de criptoativos, proporcionando uma base sólida para o crescimento sustentável do mercado. Com a tecnologia blockchain ganhando espaço em diversos segmentos, desde o financeiro até a tokenização de ativos reais, a implantação de uma estrutura regulatória torna-se fundamental para proteger os investidores e incentivar a inovação, afinal, a crescente complexidade desses ativos exige salvaguardas que garantam a integridade do mercado e assegurem a confiança dos usuários.

   A relevância da regulamentação torna-se ainda mais evidente à medida que a economia tokenizada se expande, criando oportunidades e vendo surgir novos desafios.

   “Os ativos virtuais utilizam tecnologia que representa importante oportunidade de inovação no sistema financeiro. A descentralização, a redução de custos de negociação, os ganhos de transparência e a integração entre diferentes tipos de produtos e serviços têm potencial revolucionário para aumentar a eficiência e a inclusão financeira. No entanto, muitas dessas inovações também trazem novos ou ampliados riscos, exigindo cuidados adicionais por parte dos reguladores”, diz Otávio Damaso, diretor de Regulação do Banco Central.

Um universo em expansão

   Desde 2008, com o surgimento da primeira criptomoeda, o Bitcoin, muita coisa aconteceu. Várias outras criptomoedas foram criadas. Já são cerca de 22 mil em circulação, entre elas o Ethereum, o Litecoin, o Cronos e o Ripple. O Nubank, há poucos meses, lançou a Nucoin, colocando mais um produto na onda de descentralização financeira representada primeiramente pela chegada dos neobancos e, depois, com a popularização da criptoeconomia. Aparentemente, o pioneiro Bitcoin ficou limitado a um mundo paralelo, à revelia do mundo do consumidor médio, no qual tipicamente o mercado institucional se baseia. Na Accenture, esse mundo foi apelidado de “mundo invertido”, em homenagem à famosa série da Netflix Stranger Things, por se tratar de um ambiente no qual as regras eram completamente diferentes.

   “Não havia regras – (quase) como se fosse um faroeste – e ao longo do tempo, principalmente no pico de valorização do Bitcoin (1 BTC chegou a valer quase US$ 60 mil, em março de 2021), mapeamos aplicações e negócios que estavam se desenvolvendo à margem da nossa sociedade. Basicamente, eles estavam fazendo tudo o que uma indústria financeira costuma fazer, mas com uma tecnologia muito mais eficiente”, explica Denis Nakazawa, managing director da Accenture.

   O Brasil, em particular, está convergindo estes dois mundos rapidamente. O País se posiciona, avalia Nakazawa, um pouco na vanguarda do novo mercado que está surgindo. “O Brasil tem um histórico de inovações em escala bancária e financeira. Desde as décadas de 70 e 80, tivemos o arranjo de pagamento, a adoção massiva aos ATMs (caixas eletrônicos) e, mais recentemente, o Open Finance e o Pix. E todas essas inovações escalaram. Comparativamente, é provável que seja mais rápido que em qualquer lugar do mundo”, explica.

   Há exemplos que mostram claramente a aplicabilidade das criptos e da tokenização. O BTG Dol, do BTG Pactual, é a primeira stablecoin lançada por um banco no mundo. As stablecoins têm-se consolidado no mercado por serem ativos digitais – criptomoedas – lastreados em algum ativo estável, de modo que controle sua volatilidade. “A chamo de o primeiro killer app de cripto: o mercado está trazendo isso para nós, e você a usa para fazer transações”, diz André Portilho, head de Digital Assets do BTG Pactual.

   As stablecoins são criptomoedas que podem ser pareadas com moedas soberanas, como dólar, euro e real, ou a metais e commodities, como ouro e petróleo. Atuando a partir de uma dinâmica simples, as stablecoins ganham cada vez mais volume de transações.

   Um exemplo claro de sua aplicabilidade é em transações internacionais, facilitando o processo, como o pagamento de uma multa em outro país sem ter que fazer um processo de transferência via SWIFT. Portilho exemplifica: “Tenho que pagar uma multa de € 40, recebi o código para pagamento, mas não sei como vou pagar. É preciso pedir que o meu banco mande para um banco de lá. Se eu pudesse pagar com cripto, seriam dois comandos e três cliques.”

Denis Nakazawa,
managing director da Accenture

   Essa é uma utilização prática para pessoas físicas de criptomoedas, também aplicada a pessoas jurídicas que negociam em vários países. “O cross border é caro, tem muito atrito, é difícil e tem muito intermediário”, critica Portilho.

   As stablecoins são especialmente úteis em países que têm a moeda soberana em processos hiperinflacionários, e estão sendo adotadas num grau acelerado, como em El Salvador, Argentina, Venezuela e Nigéria. “Não estamos vendo no Brasil ainda porque nós não estamos num processo como esse”, explica Portilho.

Rumo a uma economia tokenizada

   É consenso que o primeiro grande benefício de uma criptoeconomia é a eficiência, seguida pela acessibilidade. Fazer operações garantidas por smart contracts, sem necessariamente depender de muitos intermediários, por si só é uma simplificação que diminui a quantidade de agentes envolvidos, entre instituições e empresas, o que reduz custos e prazos, como no caso de uma multa de trânsito, de transferência de valores para uma viagem ou para transações comerciais internacionais.

COM A DIVERSIDADE DE AGENTES E MOEDAS, OS CONSUMIDORES TÊM A LIBERDADE DE ESCOLHER SERVIÇOS FINANCEIROS QUE ATENDAM MELHOR ÀS SUAS NECESSIDADES, ALÉM DE TEREM ACESSO A TAXAS MAIS COMPETITIVAS E SOLUÇÕES MAIS AVANÇADAS

Cyllas Elia,
CEO da 2GO Bank

   O blockchain, assim como os NFTs, são muito eficientes para otimizar processos, não apenas internos, mas processos que tenham mais de dois atores – por exemplo numa cadeia de produção ou de transmissão de valores – e podem trazer muita eficiência em cadeias complexas. O mercado financeiro brasileiro chega a ter, entre a parte que emite o ativo e a parte que compra o ativo, 11 intermediários. Com a tecnologia, é possível reduzir esse número para três intermediários, assegurando a legitimidade dos atores, das partes e do objeto transacionado.

   A redução é drástica. Esses papéis precisarão ser repensados e muitas empresas já estão percebendo isso. Como disse Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, na Febraban Tech em 2022, o futuro da economia é tokenizado. “Quem não observar isso vai ficar para trás”, aponta Bernardo Srur, presidente da ABCripto, entidade focada no mercado cripto, que reúne empresas do ecossistema de criptoativos e blockchain para a interlocução com o Poder Público. Outro aspecto igualmente importante é a Governança de Token, que permite aos portadores votarem nas decisões das chamadas Organizações Autônomas Descentralizadas (DAOs, em inglês). Essas organizações, que retomam o espírito original da criação da internet, usam os tokens para distribuir o poder e a influência entre os membros, ao contrário das estruturas concentradas e de modelos “top-down”, tão ao gosto das organizações tradicionais. Dessa forma, atrelam os tokens a projetos específicos e permitem aos portadores dos criptoativos terem voz no futuro dessas organizações que estão proliferando no ecossistema de blockchain.

   O Brasil está especialmente bem-posicionado nessa direção de migrar os produtos financeiros para um próximo sistema. “Acredito que isso vai acontecer antes de uma forma intermediária. Essa é nossa tese de investimento, de uma Web 2.5, que de certa forma une esses dois mundos ao trazer a tecnologia disponível e tentar escalá-la através das interfaces ou das necessidades que estão aqui no mundo real”, explica Dan Yamamura, fundador da Fuse Capital.

   O mercado de criptofinanças tem um portfólio muito interessante de investimentos, desde ativos variáveis como Bitcoin, Ethereum, stablecoins até tokens de renda fixa, que trazem esses rendimentos automaticamente, lastreados em outros tipos de ativos do mercado financeiro. Esse leque mostra como o mercado cripto se tornou capaz de absorver as necessidades em termos de investimento, tanto para perfis mais arrojados quanto para perfis mais conservadores.

André Portilho,
head de Digital Assets do BTG

   A concorrência mais ampla entre agentes e moedas tem um potencial significativo e importância para o sistema financeiro. Ela promove a inovação, impulsiona a eficiência e oferece mais opções aos usuários.

   “Com a diversidade de agentes e moedas, os consumidores têm a liberdade de escolher serviços financeiros que atendam melhor às suas necessidades, além de terem acesso a taxas mais competitivas e soluções mais avançadas”, avalia Cyllas Elia, CEO da 2GO Bank.

   Essa velocidade nas transações é chamada de liquidação atômica, em que a parte e a contraparte recebem quase que de forma instantânea, e vai transformar a forma como consumimos. Isso acontecerá com veículos e imóveis, mas também acontece com produtos financeiros.

   Imagine a compra ou a venda de um carro. O método é muito analógico e depende de um registro. Com a tokenização, o dinheiro sai de uma parte e o registro do veículo é transferido automaticamente. Isso significa que, a partir do momento em que a transação é processada na rede blockchain, as duas partes – compra e venda – são autenticadas e processadas simultaneamente. Essa mesma lógica pode ser aplicada a produtos diversos, desde intelectuais e criativos até joias e antiguidades.

Dan Yamamura,
fundador da Fuse Capital

 “Se pensarmos no financiamento do veículo, são três partes envolvidas que dependem uma do outra e de acontecerem determinados fatores em determinada ordem para que a transação final aconteça. Com a tokenização, essa transação é praticamente instantânea. Então isso gera uma eficiência tremenda e uma segurança jurídica e financeira igualmente tremenda”, compara Denis Nakazawa, managing director da Accenture.

   Outros modelos que podem se beneficiar muito são os de registro e monitoramento. A Boeing, por exemplo, está trabalhando em um sistema de registro digital de aeronaves, para que as companhias aéreas estejam sempre atualizadas sobre a manutenção necessária dos equipamentos. A expectativa é que esta plataforma global de registros de aeronavegabilidade promova uma redução de 25% dos custos de manutenção em todo o setor.

Cyllas Elia,
CEO da 2GO Bank

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Blockchain e as criptos na vida real

   “Estamos talvez em um estágio no qual a tecnologia já teve algum grau de desenvolvimento, está com um grau maior de adoção e caminhando para sair do nicho e começar a ter, de fato, aplicações para o público final”, avalia André Portilho, head de Digital Assets do BTG Pactual.

   Atualmente, o mercado cripto é utilizado, basicamente, para movimentações ligadas a investimentos e pagamentos – seja em criptomoedas, seja na utilização de NFTs e de blockchain. No entanto, os especialistas são unânimes: enxergam, no futuro próximo, a potencialidade de as tecnologias cripto irem muito além disso.

EM TEMPOS DE EFICIÊNCIA, PELOS QUAIS O MERCADO ESTÁ PASSANDO, DEVEMOS OLHAR COMO O BLOCKCHAIN PODE AJUDAR A MELHORAR OS CUSTOS E A EFICIÊNCIA DA CADEIA

Duda Davidovic,
diretora de Inovação da Elo

   “Vejo em um futuro próximo a possibilidade de a cripto estar mais enraizada em nossa sociedade, em serviços que vão além do mercado financeiro, com a aplicação de blockchain no dia a dia: desde o rastreio de plantações e produtos até o envio de produtos que necessitam de algum tipo de certificação especial, como o nosso café”, exemplifica Bernardo Srur, presidente da ABCripto.

   A expectativa é que essa fase de transição para que os dois mundos – físico e digital – convivam em paralelo comece em breve, mas com a adoção mais massiva ainda imprevisível no horizonte temporal. O Brasil, no entanto, está muito à frente neste processo em relação a outros players globais, inclusive em relação à regulação. “O que é totalmente compreensível, porque o Brasil quer crescer e, para isso, precisa trazer novos produtos, ter um fluxo de capital diferente. Digamos que o País está em um estágio de growth”, indica Yamamura, da Fuse Capital.

   “Em tempos de eficiência, pelos quais o mercado está passando, devemos olhar como o blockchain pode ajudar a melhorar os custos e a eficiência da cadeia, mas, ao mesmo tempo, acredito que essa ambidestria, digamos assim, de as empresas ficarem com o pezinho no futuro e entenderem o que de mais diferente pode impactá-las, é superimportante”, complementa Duda Davidovic, diretora de Inovação da Elo.

   Outra utilização que já tem sido bastante explorada, e tem muito potencial para transformar as relações entre marcas e pessoas, é como ferramenta de engajamento e capitalização. Nike, adidas, Starbucks, Tiffany, Balenciaga, Hermès e outras marcas já usam NFTs em suas estratégias de relacionamento e posicionamento de marca. Aliás, o mercado de luxo já está consciente do potencial de geração de valor dos NFTs, criando coleções específicas e exclusivas somente para ambientes digitais, conferindo novas camadas de aspiração e desejo por produtos de marca.

ESTAMOS TALVEZ EM UM ESTÁGIO NO QUAL A TECNOLOGIA JÁ TEVE ALGUM GRAU DE DESENVOLVIMENTO, ESTÁ COM UM GRAU MAIOR DE ADOÇÃO E CAMINHANDO PARA SAIR DO NICHO E COMEÇAR A TER, DE FATO, APLICAÇÕES PARA O PÚBLICO FINAL

André Portilho,
head de Digital Assets do BTG Pactual

   Em um cenário no qual os meios digitais são dominados pelo Google e pela Meta, dentro do que se convencionou chamar de “Web2”, tornando os canais cada vez mais sem controle, existe uma demanda de trazer um outro instrumento para criar as próprias dinâmicas de distribuição de conteúdo e de aquisição de clientes. “São novas formas de conseguir sair um pouco desse mundo totalmente controlado por duas empresas, com um potencial de uso e de gerar valor para o modelo de negócio absurdo”, destaca Portilho, do BTG Pactual.

   No Brasil, um bom exemplo deste uso é o $IMORTAL, a moeda digital do Grêmio que funciona dentro do programa Fan Pass. Em formato NFT, ele nada mais é do que uma forma de usar um token para gerar um engajamento e proximidade entre o fã e o torcedor do time através da compra de um ativo que corresponde a uma propriedade ou oferece experiências exclusivas. É possível colecionar camisas de títulos históricos e receber ligação de ídolos do time ou uma caixa misteriosa. 

como as tecnologias cripto têm sido aplicadas

» SUPPLY CHAIN E LOGÍSTICA
O blockchain possibilita uma revolução na gestão da cadeia de suprimentos e logística. Empresas podem rastrear cada etapa da jornada do produto, desde a matéria-prima até a entrega ao consumidor. Um exemplo prático é a gigante de alimentos Nestlé, que utiliza o blockchain para rastrear a procedência do café produzido em diversas regiões, oferecendo transparência aos consumidores e garantindo a origem sustentável dos grãos.

» SAÚDE E DADOS MÉDICOS
Com a preocupação crescente sobre privacidade e segurança de dados médicos, o blockchain apresenta uma solução inovadora. A empresa Medicalchain implementa essa tecnologia para armazenar registros médicos de forma criptografada, permitindo que pacientes compartilhem informações com profissionais de saúde de forma segura e rastreável. Dessa forma, a precisão do diagnóstico é aprimorada, e a pesquisa médica pode ser acelerada por meio de acesso autorizado aos dados.

» REAL STATE
A tokenização de ativos imobiliários viabiliza o fracionamento e a negociação de propriedades através de NFTs. Um exemplo real é a plataforma Propy, a qual permite que investidores adquiram frações de imóveis como tokens, tornando o investimento imobiliário mais acessível a pessoas com diversos orçamentos. Isso também aumenta a liquidez do mercado imobiliário, facilitando a compra e a venda de ativos.

» GESTÃO DE DIREITOS AUTORAIS E PROPRIEDADE INTELECTUAL
Artistas e criadores têm utilizado NFTs para autenticar suas obras e proteger direitos autorais. Na indústria musical, por exemplo, artistas como Kings of Leon lançaram álbuns em formato de NFTs, permitindo que os fãs adquiram a propriedade digital exclusiva do álbum e acessem conteúdos exclusivos.

» ENERGIA RENOVÁVEIS E COMÉRCIO DE CARBONO

Empresas de energia têm adotado o blockchain para rastrear e validar a origem de sua energia proveniente de fontes renováveis, criando certificados digitais que atestam a produção limpa de energia. 

Além disso, a tecnologia blockchain tem sido aplicada em projetos de comércio de créditos de carbono, permitindo que empresas comprem e vendam créditos de carbono de maneira transparente e confiável, incentivando ações de sustentabilidade.

» EDUCAÇÃO E CERTIFICADOS
Instituições educacionais têm utilizado o blockchain para emitir diplomas e certificados de forma segura e imutável. O projeto “Learning Machine”, realizado pelo MIT em parceria com uma startup, por exemplo, permitiu que alunos recebessem seus diplomas no smartfone. Os diplomas digitais em blockchain permitem verificar as credenciais acadêmicas de uma forma mais eficiente e confiável.

» JOGOS E ENTRETENIMENTO
A indústria de jogos encontrou no blockchain uma maneira de criar economias virtuais mais autênticas. Jogos como “Axie Infinity” têm adotado os NFTs para criar ativos digitais únicos, permitindo que os jogadores detenham a propriedade real desses itens e os negociem com outros jogadores. Isso abre novas oportunidades de monetização para jogadores e desenvolvedores.

» AUTENTICAÇÃO DE PRODUTOS DE LUXO
Marcas de luxo têm abraçado o blockchain para combater a falsificação de produtos. A LVMH, grupo de marcas de luxo, lançou a plataforma Aura, que utiliza NFTs para autenticar produtos, proporcionando aos consumidores a confiança de que estão adquirindo itens genuínos e exclusivos.

Esses casos de uso exemplificam a versatilidade do blockchain e seu potencial para impactar positivamente diversas indústrias, garantindo maior transparência, segurança e eficiência em processos e transações. À medida que a tecnologia evolui, novos cenários e aplicações inovadoras podem surgir, impulsionando ainda mais a adoção em escala global.

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Criptoativos + Metaverso

   Uma das apostas recentes dentro do conceito dessas inovações é o metaverso, tão falado em 2022. Apesar de terem perdido um pouco do hype, ambientes de realidade virtual são um horizonte factível dentro das possibilidades que a Web3 oferece.

   Em última instância, se toda empresa passar a ter uma representação no metaverso, como hoje tem nas redes sociais para existir no mundo real, os produtos vão precisar ser representados também nessa nova realidade virtual, provavelmente por ativos digitais, como NFTs. A questão, aponta Duda Davidovic, da Elo, é: Como o varejo está se preparando para entregar valor tanto para algo que hoje ele despacha pelos Correios para a casa do cliente quanto para o que o cliente vai querer ter como representações por meio de um avatar?

Bernardo Srur,
presidente da ABCripto

   Para utilizar bem as possibilidades do criptoverso é preciso saber qual é o propósito da tecnologia dentro do negócio. “O primeiro passo é não olhar tecnologias apenas pela tecnologia e tomar cuidado para não cair no FOMO (Fear of Missing Out – medo de ficar de fora)”, pondera Davidovic. “No fim do dia, é preciso pensar em como isso vai servir para trazer valor para o cliente final; essa deveria ser a grande pergunta”, destaca.

 

   “No limite, as empresas vão continuar a ser a mesma coisa? Acredito que vão precisar se reinventar usando toda essa infraestrutura. A criptoeconomia, a meu ver, vai permitir não só vender novos produtos, mas criar experiências e se remodelar como marca. Algumas coisas estão muito longe de acontecer; outras, estão mais perto”, opina a diretora de Inovação da Elo.

   As empresas em geral estão olhando o blockchain como uma possibilidade real de adoção e construção de algo valioso. As empresas brasileiras estão atrasadas nesse sentido, ao terem se limitado a transações de valores, aponta Bernardo Srur, da ABCripto. Para as indústrias e o varejo, por exemplo, o blockchain oferece muitas oportunidades palpáveis de rastreabilidade e do controle de ponta a ponta da produção, trazendo confiança e transparência à cadeia, assim como novas experiências de consumo.

 A Bodytech, por exemplo, está implementando um “token black”, um plano de fidelidade de até dez anos que oferece acesso a todas as unidades da rede no País, com um clube de benefícios associados. Ao adquirir o token, os clientes obtêm a propriedade dele, como se fosse um título de clube. Além disso, o token pode ser vendido no mercado secundário e a titularidade transferida, tudo usando a tecnologia do blockchain. Embora esteja nos estágios iniciais, é um case promissor.

   Mas, para surfar esta onda de transformação, as empresas precisam identificar desenvolvedores para esse tipo de tecnologia. Hoje, o Brasil sofre uma escassez muito grande desses profissionais. “Ironicamente, graças à própria tecnologia cripto e ao estágio avançado do engajamento e desenvolvimento dela aqui, o Brasil exporta muitos desenvolvedores para outros países”, alerta o presidente da ABCripto. 

   É o que Elia, da 2GO Bank, também percebe: a potencialidade de uma economia tokenizada precisa de profissionais capacitados para ser atingida. “Um dos grandes desafios que as empresas enfrentam é a busca por profissionais qualificados, que consigam entender mais sobre esse mercado e suas tecnologias. E, dentro desse contexto, profissionais que tenham o conhecimento para trabalhar com essas novas ferramentas”, comenta.

   No entanto, há divergências sobre a possibilidade de as criptomoedas descentralizadas se tornarem mainstream. Facilitaria bastante carregar uma carteira com Bitcoins ou Ethereums em vez de dólares, ienes, euros, pesos, dinares… em uma viagem de volta ao mundo. Ainda é cedo para dizer que elas serão aceitas para transações B2C – para comprar um cafezinho, uma roupa ou algo no marketplace do Mercado Livre. Isso porque uma moeda passa a ser uma moeda de uso quando começa a ter aceitação generalizada.

SE TODO O MUNDO ACEITASSE BITCOIN, TALVEZ A GENTE NEM PRECISASSE MAIS TER CASAS DE CÂMBIO, OU PODERÍAMOS PAGAR AS COISAS DE MAIS UM JEITO

Celso Pereira,
diretor de Investimentos da Nomad

   “Se todo o mundo aceitasse Bitcoin, talvez a gente nem precisasse mais ter casas de câmbio, ou poderíamos pagar as coisas de mais um jeito”, explica Celso Pereira, diretor de Investimentos da Nomad. A companhia possui um cartão em dólares, emitido nos Estados Unidos e aceito em mais de 180 países. “Mas, querendo ou não, existe uma conversão se você usa em outra moeda que não o dólar. Imagina se houvesse um cartão com Bitcoin? Resolveria bastante esse problema. O caso de uso existe”, afirma. O marketplace Crypto.com, por exemplo, já oferece cartões híbridos – físicos ou em wallets digitais – que permitem ser “carregados” em qualquer padrão monetário a partir das carteiras digitais de criptoativos. E o interessante é que o cliente pode escolher em qual padrão monetário (dos 182 existentes e identificados como “moedas nacionais”) ele deseja fazer a carga, ou seja, ele pode manter reservas de valor de criptoativos diferentes e, com poucos toques no celular, dispor de recursos em qualquer moeda local.

   Para Dan Yamamura, fundador da Fuse Capital, “as stablescoins já oferecem um teaser do potencial da simplificação da transferência de recursos que as CBDCs ou as criptomoedas descentralizadas têm”.

Disrupção de segmentos

   Com a tecnologia encurtando distâncias, o que se observa é que a economia será tokenizada e que, naturalmente, diversos intermediários de uma cadeia assumirão papéis diferentes, ou serão unidos em outros papéis.

   O pagamento já está se tornando algo invisível; nem o cartão precisa estar na carteira. A matéria, o dinheiro físico de papel e o plástico do cartão estão sendo desmaterializados – e a tecnologia blockchain vai acelerar e otimizar isso. “O dinheiro já está em uma wallet no celular. Já é possível usar somente a face para fazer uma transação”, aponta Duda, da Elo.

   O mercado, principalmente de pagamento, já está tendo uma tendência de disrupção. Para Dan Yamamura, fundador da Fuse Capital, essa disrupção não foi causada pelos tokens ou pelas criptomoedas. “Ela está sendo causada pelo Pix, um método de pagamento tão ágil, que funciona 24 horas por dia sete dias por semana, com liquidação instantânea e gratuito para pessoas físicas.”

   “A adoção do Pix foi um tsunâmi. São milhões de brasileiros usando, mas quase ninguém faz ideia do que está por trás”, concorda Robson Harada, CMO do Mercado Bitcoin.

   “Ele tem um poder de disrupção bem grande na cadeia de pagamento, principalmente com as próximas fases. O Pix está sendo implementado em etapas. O Pix agendado, por exemplo, ainda não foi lançado. Entretanto, quando essa e outras modalidades forem lançadas, vão impactar todo o ecossistema de pagamentos”, avalia Yamamura.

   O próprio Banco Central já informou do lançamento, em breve, do Pix crédito, que pode impactar as bandeiras de cartões. A ABCripto, por exemplo, tem entre seus associados Visa, Mastercard e bancos incumbentes, todos oriundos do mercado financeiro “tradicional”. “Estão todos olhando a tecnologia e procurando entender como se encaixar nessa nova dinâmica”, revela Srur.

  A desmaterialização da bandeira de cartão de crédito tende a acontecer, apesar de seu uso ter crescido 30% no ano passado, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). É a visão da Elo: apesar do crescimento, a constatação é de que a mudança promovida pelas novas tecnologias é também do modelo de negócio. “O arranjo de quatro partes permanecerá existindo; temos crescido ano após ano. Não acredito que as bandeiras vão desaparecer, mas miramos ser um hub de tecnologia que conecte vendedores e compradores”, revela Duda.

Duda Davidovic,
diretora de Inovação da Elo

   “São pequenas evoluções na camada do consumidor, mas grandes opções na camada do corporativo. Por isso as gigantes de pagamento estão entrando de cabeça nisso, porque têm fundos e escala para assumir protagonismo nessa agenda”, avalia Harada, do Mercado Bitcoin.

   Para o executivo, o caminho é cada vez mais preditivo. “O consumidor pode chegar na sua empresa a partir da análise dos dados, da recorrência, sem nem precisar entrar no e-commerce para fazer uma compra. As credenciais de pagamento tendem a ser invisíveis e imateriais, mas, ao mesmo tempo, elas vão existir para garantir que você é você e que a transação é segura.”

   Isso significa que os produtos que serão oferecidos no mercado podem não ter nada a ver com uma bandeira como conhecemos hoje, “mas a essência, de conectividade e de segurança, deve permanecer, mesmo que a trilha de pagamentos mude”, reflete.

   “No dia a dia, o usuário não deve perceber grandes mudanças, porém, no back end, as novas tecnologias vão gerar muita oportunidade, tanto para a Visa quanto para a Mastercard ou as startups, que vão criar produtos e soluções sobre essas camadas de tecnologia. Vejo um impacto muito maior no lado corporativo”, ressalta Harada.

   Existem vários outros papéis, de segurança de contratos inteligentes, de nó de validação, de tokenização e programação desse token, que a Elo entende que são espaços importantes a ser ocupados. “Essa é a evolução natural. Não é morrer no próprio modelo, mas disruptá-lo e criar um modelo novo para o mercado”, indica Duda.

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O brasileiro ama uma novidade

   Segundo pesquisas realizadas pelo TI Analysis, a adoção de cripto no mundo coloca o Brasil, pela metodologia que inclui a quantidade de clientes, os volumes transacionados e a quantidade de empresas, como o nono país em termos de adoção de crédito do mundo. “Adotamos cripto de forma muito positiva”, avalia Srur.

   O Brasil ocupa hoje o 7º lugar entre os países que mais adotam criptoativos no mundo, um ranking curiosamente dominado por economias emergentes. Vietnã, Filipinas, Ucrânia, Índia, EUA e Paquistão lideram o ranking, juntamente com o Brasil, segundo dados da Chainalysis, empresa norte-americana de análise em blockchain. Nada mais natural para o País que é o 5º maior mercado de usuários de internet no mundo.

   “O brasileiro utiliza tecnologia e não só a cripto; veja o resultado do Pix. Além de ser um sucesso, talvez ele seja o maior processo de inclusão financeira do mundo, e não foi criado por meio de uma política pública e sim por meio da introdução de uma tecnologia que acarretou grande impacto social”, elogia o presidente da ABCripto.

Celso Pereira,
diretor de Investimentos
da Nomad

   Essa visão é compartilhada pelo diretor da Accenture. O brasileiro é mais aberto, ele é mais receptivo a todo tipo de inovação. Proporcionalmente, o brasileiro adere mais rápido e em maior volume do que a média mundial, destaca Nakazawa.

   A visão é corroborada por Harada, do Mercado Bitcoin, que afirma ver “o Brasil se tornando quase um conselheiro; um polo de atração das grandes empresas cripto ao redor do mundo”, não só para negócios, mas para pessoas. É um caminho de descentralização em várias instâncias. Não só na tecnologia, mas também na oferta.

   Os consumidores podem não enxergar como essas transações acontecem, mas irão se aproveitar delas. “As pessoas irão perceber a utilidade prática e pensar: ‘Por que eu consegui fazer essa transação tão rapidamente? Ah, foi um protocolo novo, legal. Eu quero investir nesse protocolo’ – é um movimento que vejo no horizonte. Achamos que as pessoas vão ser mais afetadas pelo blockchain do que eventualmente entender o que é Bitcoin”, especula Dan Yamamura.

   Outra vantagem da criptoeconomia é a democratização do investimento no mercado de capitais. Hoje há apenas 5,6 milhões de CPFs operando na B3, a Bolsa brasileira. Já o mercado de criptomoedas registrou 12,8 milhões de brasileiros negociando ativos, indica levantamento do Mundo Bitcoin.

A ADOÇÃO DO PIX FOI UM TSUNÂMI. SÃO MILHÕES DE BRASILEIROS USANDO, MAS QUASE NINGUÉM FAZ IDEIA DO QUE ESTÁ POR TRÁS. ELE TEM UM PODER DE DISRUPÇÃO BEM GRANDE NA CADEIA DE PAGAMENTO

Robson Harada,
CMO do Mercado Bitcoin

   Mas se as ações têm um risco que tipicamente reflete o mercado e a própria companhia, os criptoativos podem ser os mais diferentes possíveis: criptomoedas, criptoempréstimos, tokens de renda fixa, lastreados em ativos da economia real… pode haver de tudo. A empresa americana Helium, por exemplo, começou a montar redes de comunicação, inicialmente em IoT e, em seguida, em 5G, descentralizando o investimento. Os investidores recebem tokens da Helium, e os consumidores compram tokens para utilizar a rede, enquanto a empresa fica responsável pelo gerenciamento, em vez de precisar comprar toda a infraestrutura material para poder oferecer o serviço – tudo isso via blockchain.

   A Fuse é outro exemplo. Decidiu investir em uma startup brasileira que está ajudando a expandir essa rede no Brasil, a um custo individual muito menor e, assim, levar a conectividade a mais pontos do País. “É como se cada pessoa pudesse comprar uma antena. O token é a representação digital da fração dessa posse. Esse foi o jeito que a empresa encontrou para viabilizar e ampliar a comunicação e a conectividade, e por isso decidimos investir para ajudar a expandir essa rede”, explica Yamamura.

   “No mercado financeiro de capitais, os limites são ‘a partir de’, o que acarreta impacto de exclusão e de acesso a vários tipos de investimento”, ressalta Srur.
Já no mercado cripto, você pode comprar ativos a partir de R$ 1, o que o torna mais inclusivo e acessível.

   A fragmentação inerente à tecnologia contribui para essa democratização. “O que vejo maior valor para a sociedade em relação à cripto é o seu potencial de inclusão e democratização. Não é a tecnologia em si, nem a transmissão de valores ou a forma de investimento, mas a eficiência e o potencial que a tecnologia tem em termos de inclusão. É a possibilidade de tornar o mercado financeiro de capitais mais acessível”, reforça o presidente da ABCripto.

   Além disso, ele destaca que cerca de 84% dos brasileiros ganham menos de R$ 4 mil, e 23% não possuem renda, o que aumenta ainda mais o potencial de a tecnologia cripto ser adotada por parte da sociedade, mas é necessário um processo cultural escalonado.

O BRASILEIRO UTILIZA TECNOLOGIA E NÃO SÓ A CRIPTO; VEJA O RESULTADO DO PIX. ALÉM DE SER UM SUCESSO, TALVEZ ELE SEJA O MAIOR PROCESSO DE INCLUSÃO FINANCEIRA DO MUNDO, E NÃO FOI CRIADO POR MEIO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA E SIM POR MEIO DA INTRODUÇÃO DE UMA TECNOLOGIA QUE ACARRETOU GRANDE IMPACTO SOCIAL

Bernardo Srur,
presidente da ABCripto

   Para Karen Duque, diretora da Zetta e head de Políticas Públicas da Bitso, por ter um potencial de transformação e capacidade de democratização dos sistemas já existentes, “ela pode trazer empoderamento para os indivíduos e as comunidades, já que há um maior controle sobre seu próprio dinheiro sem a necessidade de depender de instituições financeiras tradicionais”.

   Outro aspecto que contribui são os reguladores brasileiros, como o BC e a CVM, que são pró-inovação e pró-competição.

Como regular o que é descentralizado

   Esse é o momento perfeito da transição para o Brasil, com a aprovação da Lei de Ativos Digitais, que entrou em vigor em junho; e com a assinatura do Decreto de Regulamentação, que nomeou o Banco Central como regulador do mercado cripto e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) responsável pelo que é residual. “Isso criou um chassi bem robusto”, explica Nakazawa, da Accenture.

   “Aquele mercado institucional que antes estava se preservando do que estava acontecendo no mundo invertido, com a regulamentação, passa a ter outros olhos e pensa que vale a pena entrar, porque as tecnologias que estão ali geram muitos benefícios”, pondera.

   Por essas razões, o Brasil se tornou um laboratório em escala da criptoeconomia. São 200 milhões de pessoas, uma das dez maiores economias do mundo. “Não somos um mercado pequenininho; temos um porte bem razoável para esse tipo de inovação”, continua o executivo da Accenture.

   “O mundo é regulado. Por isso esse novo mundo, provavelmente, não vai ser 100% descentralizado. Ele vai usar tecnologias que têm na base descentralização ou processamento descentralizado, mas vai ter algum tipo de camada para permitir controles básicos. Não é o que acontece nesse mundo de finanças descentralizadas, que é bem faroeste”, prevê Nakazawa.

   Além da regulamentação, agentes que atuam, principalmente, no mercado financeiro defendem a autorregulação, como um mecanismo de se organizar e definir as melhores regras e práticas para que as tecnologias avancem e sejam incorporadas. Essa avaliação vale, principalmente, para o público investidor em cripto, ativo que às vezes se comporta como uma moeda, mas geralmente é um investimento.

   O Banco Central destaca que, entre os princípios a ser observados na regulamentação, estão a livre iniciativa; a livre concorrência; e a proteção e a defesa de consumidores e usuários. Além disso, medidas específicas deverão ser tomadas para, por exemplo, limitar os riscos que acompanham sistemas sem governança centralizada e evitar a exposição de investidores a esses ativos sem os níveis apropriados de disclosure (fornecimento de informações). 

   Nesse quesito, o papel do mercado – corretoras e bancos – é ajudar os investidores a tomar as melhores decisões, e a autorregulação tem um papel fundamental. Ela deve – e vai – conviver com a regulação. 

   “O mercado melhora a partir do momento em que os próprios participantes  se organizam. Vejo a regulação e a autorregulação convivendo cada vez mais no mundo, o qual terá algumas bases mais descentralizadas, mas também permitirá rodar empresas ou aplicações mais centralizadas. Da mesma forma, não vejo o mundo sendo completamente descentralizado, mas alguma descentralização, principalmente no mundo da tecnologia, é muito bem-vinda”, destaca Portilho, head de Digital Assets do BTG Pactual.

   “A combinação entre autorregulação e regulamentação governamental pode ajudar a promover a confiança e a sustentabilidade do mercado cripto em longo prazo”, avalia Daniel Mandil, executivo responsável por Cripto e Web3 do PicPay.

CRIPTOS DESCENTRALIZADOS versus CBDCs

» CENTRALIZAÇÃO x DESCENTRALIZAÇÃO
As CBDCs são emitidas e controladas por um banco central ou autoridade governamental, como o Bacen no Brasil e o Fed nos Estados Unidos. Toda moeda soberana tem emissão, distribuição e validação das transações supervisionadas por essas entidades. Por outro lado, as criptomoedas descentralizadas são operadas de forma autônoma por uma rede de nós distribuídos sem controle central.

» AUTORIDADE EMISSORA
As CBDCs têm uma entidade central, como emissora e mantenedora da moeda – afinal, não é possível imprimir dinheiro em casa. Já as criptomoedas descentralizadas são emitidas de acordo com o protocolo matemático subjacente e, muitas vezes, feitas por meio de mineração ou outros mecanismos de consenso descentralizados.

» CONTROLE E REGULAMENTAÇÃO
As CBDCs estão geralmente sujeitas às regulamentações e às políticas monetárias do Banco Central ou governo que as emite. Já as criptos descentralizadas não estão sujeitas ao controle governamental, mesmo que haja regulação nos países, como é o caso do Brasil.

» PARA QUE SERVEM
As CBDCs são projetadas com o objetivo de modernizar o sistema financeiro, melhorar a eficiência das transações e oferecer mais opções de pagamento digital sob a supervisão do governo. As criptomoedas descentralizadas, por outro lado, foram concebidas para serem uma alternativa ao sistema financeiro tradicional, muitas vezes com foco em valores como descentralização, transparência e liberdade financeira.

O Real Digital

   Dentro desse mercado em potencial, o Brasil deve ganhar uma nova versão de sua moeda: o Real Digital. O projeto que está sendo desenvolvido pelo Banco Central é considerado o Pix dos serviços financeiros, ou seja, tem como objetivo modernizar o sistema financeiro brasileiro, tornando as transações mais rápidas, seguras e acessíveis. A criptomoeda emitida pelo Banco Central será lastreada na moeda fiduciária, ou seja, o real que podemos ver com os olhos e pegar com as mãos.

   Entre as vantagens de uma CBDC (Central Bank Digital Currency), como o Real Digital, estão a redução dos custos das transações, a inclusão financeira de pessoas desbancarizadas e uma maior eficiência nas operações financeiras. Além disso, a tecnologia poderia facilitar o monitoramento e a prevenção de atividades ilícitas, como o narcotráfico e a lavagem de dinheiro.

AQUELE MERCADO INSTITUCIONAL QUE ANTES ESTAVA SE PRESERVANDO DO QUE ESTAVA ACONTECENDO NO MUNDO INVERTIDO, COM A REGULAMENTAÇÃO, PASSA A TER OUTROS OLHOS E PENSA QUE VALE A PENA ENTRAR, PORQUE AS TECNOLOGIAS QUE ESTÃO ALI GERAM MUITOS BENEFÍCIOS

Denis Nakazawa,
managing director da Accenture

   O BC tem feito muito para incentivar o Real Digital e a CBDC, o que especialistas avaliam como a locomotiva de vários outros produtos de prestação de serviços que vão trazer novas soluções.

   “O Real Digital é uma inovação que vai trazer mais agilidade para as transações através da tokenização e da tecnologia de blockchain. Nosso papel como BC não é barrar a inovação, mas absorver essa inovação e regular para que ela seja bem aproveitada e possa chegar bem ao consumidor final”, explica Fabio Araujo, diretor do Banco Central, responsável por coordenar o projeto Real Digital, em evento este ano.

   Mas, para que serve na prática o Real Digital? Em uma transferência, seja em uma negociação entre empresas, seja na venda de um carro usado de uma pessoa para outra, em vez de precisar de um intermediário – como bancos e cartórios – a transferência é autenticada por um sistema totalmente digital, o qual garante que, depois de efetivada a transferência, o valor saia de uma carteira para a outra.

   “É uma democratização dos serviços, que permite reduzir custos, aumentar eficiência e, para além das transferências, gerir processos financeiros de forma mais barata e ágil”, aponta o diretor do BC. A moeda digital também ajuda a combater fraudes, corrupção e financiamentos ilegais, ao promover uma maior rastreabilidade do dinheiro.

   “Mais do que uma moeda, o Real Digital é uma nova plataforma para negociação de ativos digitais. O BC tem acompanhado a velocidade de evolução da tecnologia para colaborar com o mercado e os reguladores”, destaca Araujo.

A COMBINAÇÃO ENTRE AUTORREGULAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO GOVERNAMENTAL PODE AJUDAR A PROMOVER A CONFIANÇA E A SUSTENTABILIDADE DO MERCADO CRIPTO EM LONGO PRAZO

Daniel Mandil,
executivo responsável por Cripto e Web3 do PicPay

   Por enquanto, a moeda brasileira, em sua versão digital, está sendo testada para ser operada como uma rede interna interbancária baseada em blockchain. O Itaú instalou em julho o primeiro nó validador do blockchain que será usado nos testes do Real Digital.

   A conversibilidade das criptomoedas, também chamada de liquidação, é a capacidade de trocar uma criptomoeda por outra ou por moedas soberanas, como real, dólar e euro. Atualmente, esse processo ocorre em plataformas de câmbio de cripto, como a Crypto.com e a MetaMask, em que os usuários podem realizar transações de compra e venda. Além disso, a liquidação é viabilizada por meio de pares de negociação, que estabelecem a relação de troca entre as criptomoedas. Vale ressaltar que o Brasil tem o segundo maior contingente de usuários na MetaMask no mundo, entre seus mais de 30 milhões de clientes, segundo dados da Consensys (que desenvolveu a plataforma).

Karen Duque,
diretora da Zetta e head de Políticas Públicas da Bitso

   Elia, da 2GO Bank, acredita que a conversibilidade das criptomoedas desempenha um papel fundamental na facilitação do comércio e dos investimentos, oferecendo aos usuários maior flexibilidade e acesso ao ecossistema cripto. Tudo isso pode ser ainda mais disseminado e facilitado com uma futura interação com CBDCs. 

   Bancos como Mercado Pago, Nubank, Inter, Nomad, e outros que já trabalham com criptomoedas, permitem adquiri-las e depois convertê-las para uma moeda soberana. “É possível entrar e sair das criptos sem nenhuma fricção, e já há provedores de serviços que fazem essas pontes”, aponta Yamamura, da Fuse Capital. E o consumidor não precisa se preocupar em saber como funciona, mas deve contratar um prestador – no caso um banco – que seja confiável. 

   Com essas tecnologias sendo trazidas para o nosso mundo com transparência, robustez, segurança e respeito à necessidade do investidor ou da pessoa que está tomando o crédito, os benefícios do “mundo invertido” podem ser acessados por qualquer pessoa.

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A má fama das criptos procede?

   Para entrar na criptoeconomia como investidor, é preciso ter segurança de onde está se investindo. “É natural que um mercado ainda nascente em sua fase de descoberta de preço tenha oscilações maiores do que outras classes de ativos mais consolidadas. Esse processo gera oportunidades para os interessados em investir em cripto, de olho em retornos acima da média dos ativos tradicionais, mas também é importante conhecer o seu perfil e os fundamentos do mercado”, recomenda Daniel Mandil, do PicPay.

Daniel Mandil,
executivo responsável por Cripto e Web3 do PicPay

   De acordo com um relatório da Chainalysis, empresa especializada em dados de blockchain, 0,24% do volume financeiro total transacionado no mundo cripto está relacionado a alguma atividade ilícita. Este número pode ser atribuído à característica pública de todas as transações realizadas via blockchain, permitindo não somente o rastreio e a identificação das partes envolvidas, mas também sanções por parte de entidades reguladoras. Por outro lado, segundo as Nações Unidas, o volume financeiro do mercado tradicional envolvido em lavagem de dinheiro é estimado entre 2% e 5% do montante movimentado globalmente.

     E se os investimentos em criptomoedas ganharam destaque por causa de fraudes e esquemas de pirâmide ou multinível, Portilho, do BTG Pactual, adverte que a maioria dos acontecimentos ruins com cripto não tem nada a ver com cripto, mas sim com o comportamento humano e o funcionamento do mercado. “O ‘piramideiro’ sempre vai escolher algum ativo cuja narrativa seja boa, então, já teve avestruz, boi gordo; agora é Bitcoin”, finaliza.

como investir em criptos

» Só invista naquilo que você conhece: estude o mercado e tente entender como ele funciona, os seus ativos. “O mercado tem uma gama de ativos muito grande; é preciso saber analisar o que funciona melhor para você”, recomenda Srur. 

» Escolhido o ativo, procure uma empresa para fazer esse investimento, pesquise sobre essa empresa e certifique-se de que ela tem um CNPJ. As empresas que conformam a ABCripto passam por um processo rígido de análise, de aplicação de políticas e de autorregulação. 

» O terceiro ponto é fazer um investimento de teste. Assim como o ditado popular, não coloque todos os ovos em um só cesto. Pegue uma pequena parte do orçamento para investir para entender se aquilo realmente funciona dentro do seu objetivo.

» Se é bom demais, o santo desconfia. Bernardo Srur é enfático: “Fuja, fuja mesmo de milagres, de ofertas milagrosas. Elas não existem.”

SUMÁRIO – Edição 284

As relações de consumo acompanham mudanças intensas e contínuas na sociedade e no mercado. Vivemos na era da Inteligência Artificial, dos dados e de um consumidor mais exigente, consciente e impaciente. Mais do que nunca, ele é o centro de tudo: das decisões, estratégias e inovações.
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