Como diria Cartola, o mundo é um moinho
- Por Victor Cremasco
- 3 min leitura
MESMO AS PESSOAS QUE VIVEM falando em conceitos como VUCA, BANI, até elas, seguramente, não imaginavam o que seriam os reboliços desta pandemia. A mudança está acontecendo muito mais rápido do que somos capazes de capturar e decifrar.
Buscar ser preditivo neste momento é até ingênuo. Costumo pensar inovação de uma forma muito mais aterrada: Quais novos hábitos, comportamentos e expectativas já estão se consolidando na sociedade? Como podemos atuar e gerar valor neste novo contexto que já se apresenta? Responder a estas perguntas, a meu ver, é a forma mais relevante de prever o futuro: participando dele no presente.
No varejo, como em qualquer área, essa lógica também se aplica. Antes de falar em “tendências”, já existem várias “ocorrências” visíveis que merecem atenção.
1. “Olhar para dentro” se torna cada vez mais universal. O bem-estar físico, mental e espiritual se mostra uma busca ainda mais presente, em função de isolamento forçado, crises relacionais, questionamento do trabalho, fadiga digital, entre outros fatores. O varejo pode oferecer produtos, serviços e experiências que permitam às pessoas coletivizar o bem-estar, fugir da rotina urbana e desacelerar, e reatiçar os sentidos, tão atrofiados na pandemia.
2. Os espaços se ressignificam completamente. Nossas casas viraram escritório, creche, academia, escola. O efeito disso já é visível: pessoas querem adaptar ou transformar suas casas em mais do que apenas casas, da mesma forma como procuram encontrar espaços e experiências externas que também sejam criativas. Fica a pergunta: Lojas, restaurantes, cinemas e parques serão apenas o que sempre foram?
3. O desejo represado e a “Yolo Economy” – economia do Você Só Vive Uma Vez. Logo após o fim da Primeira Guerra e da Gripe Espanhola, aconteceu no Brasil o “Carnaval do Fim do Mundo”, o maior de todos até então. Primeiras “tréguas” durante a pandemia atual repetem esse enredo, já mostrando movimentos acentuados de consumo. Com os devidos alertas a um modelo insustentável de consumo desenfreado, o varejo pode ser um “enabler” para que as pessoas resgatem a potência das relações consigo mesmas, os outros e o mundo.
4. Os desafios do mundo exigem protagonismo. O varejo deve participar da evolução da consciência coletiva, fruto da pandemia. Uma das formas de fazer isso é se “decolonizando”: apoiando empreendedores, marcas e produtos feitos por negros, periféricos, queer, indígenas, PCDs e outras minorias e oferecendo produtos inclusivos no uso e uma logística que chegue a locais mais remotos.
Recomendadas
+ CONTEÚDO DA REVISTA
Rua Ceará, 62 – CEP 01243-010 – Higienópolis – São Paulo – 11 3125 2244
Rua Ceará, 62 – CEP 01243-010 – Higienópolis – São Paulo – 11 3125 2244