A ideia de customizar um produto com foco no cliente, um conceito que perspassou de maneira contundente dentro do último Conarec, não é apenas um discurso presente em um relatório de boas práticas das empresas. Há claros movimentos na direção de produtos pensados para o consumidor. E a mais recente novidade é a melancia.
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Em um evento que acontece em Mossoró, no Rio Grande do Norte, a Nunhems (empresa adquirida recentemente pela BASF e especializada em agricultura digital, biotecnologia e proteção de cultivos) anunciou o sistema produtivo de melancia chamado Pingo Doce.
Em linhas gerais, trata-se um produto com pouquíssima quantidade de semente (conceito de seedless), um alimento menor (uma melancia tradicional pesa, em média, quinze quilos ao passo que a Pingo Doce pesa até sete quilos) e um sabor melhor, o que, segundo a companhia, é garantido pelo teor maior de brix (açúcar).
De acordo com Leonardo Herzog, gerente de contas da Nunhems, a ideia é oferecer um produto de qualidade superior e não apenas isso: de maneira comprovada e que essa informação seja acessível para o consumidor. Para garantir isso, um dos pilares é a rastreabilidade, ou seja, a identificação de todas as informações realmente relevantes para o consumidor fina ou até mesmo para toda a cadeia produtiva sobre a melancia. Isso confere um empoderamento importante para o consumidor. “Queremos introduzir um conceito novo no País. A ideia é levar a informação sobre o produto do produtor até quem comercializa o produto para o consumidor final. Isso confere credibilidade para o cliente”, disse Herzog.
Herzog também explica que o conceito também impacta outros momentos da cadeia de produção, caso do varejista. O fato do alimento ser menor resulta em eficiência na logística do alimento. “Descarregar um caminhão inteiro pode demorar 3 horas enquanto que um produto menor pode ser feito em 20 minutos. Isso é um custo que diminui para o varejo”, diz.
A empresa também afirma que o produtor também foi levado em conta dentro desse conceito do Pingo Doce. Ele teria maior shelf life, ou seja, durabilidade acima do produto convencional. “Após a colheita, ela dura mais ou menos 20 dias. Um tempo superior na comparação com a melancia convencional”, informa.
Outros alimentos
A ideia do Nunhems é que o conceito ganhe asas e ganhe o consumidor final e toda a cadeia de produção. Se der certo, há possibilidade desse modelo ser replicado em outros alimentos. “Depois desse caso, queremos levar para outras culturas, outras frutas. Eu quero levar um produto de qualidade para a minha família. Eu quero isso para todas as famílias e isso será possível por meio do rastreamento”, afirma Herzog.
Segundo Herzog, um olhar apurado sobre a cadeia de alimentos exibe alguns gargalos de produção, eficiência e informação para o consumidor final que poderiam ser preenchidos pelo sistema Pingo Doce. O tomate é um exemplo. “O preço do tomate tem uma flutuação de preço muito alto. Vimos o impacto da alta de preço no passado recente. Se implantarmos uma nova cultura de manejo do alimento, que usa tecnologia de ponta, temos um produto mais eficiente e menos sujeito a essas variações. É possível replicar para o tomate e outras culturas”, conclui.