O coronavírus já teve um enorme impacto na indústria de serviços em geral, mas alguns setores estão sendo mais atingidos do que outros, como o de turismo e o de restaurantes. Com restaurantes fechados ou cada vez mais vazios, aplicativos de entregas registram picos de downloads ao redor do mundo.
Uma pesquisa realizada pela empresa de análise Apptopia identificou que, nos Estados Unidos, apps de entregas de comida tiveram aumento de downloads de até 218% em relação ao mesmo período ao mês anterior.
No Brasil, uma pesquisa da empresa de análise RankMyAPP, citada pelo jornal O Extra, revela que, entre 20 de fevereiro e 16 de março, as instalações de apps de entregas, como iFood, Uber Eats e Rappi, cresceram 24% em relação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com a pesquisa brasileira, o pico de instalações aconteceu em 6 de março, um aumento de 126% em relação ao mesmo dia em 2019. Foi no dia 6 de março que o Ministério da Saúde anunciou que a transmissão comunitária do vírus no Brasil era questão de tempo.
Minimizando riscos e impactos econômicos
Numa época em que a interação social desnecessária é desencorajada, as empresas de entrega de alimentos estão adaptando suas práticas para tranquilizar os clientes. Uma iniciativa é a entrega “sem contato”. Ou seja, os apps estão dando a opção ao consumidor pedir para o entregador deixar o pacote na porta de casa, e o pagamento é realizado pelo próprio aplicativo, sem necessidade de interação com a máquina do cartão. Aqui no Brasil, Uber Eats, Rappi e iFood já adotaram essas medidas para diminuir o contato de seus entregadores com os clientes.
Algumas das principais plataformas de entregas de comida também adotaram medidas para minimizar os efeitos da quarentena em seus entregadores, que não trabalham com carteira assinada e não tem benefícios trabalhistas. Além disso, as empresas também estão adotando soluções para mitigar a redução de vendas nos restaurantes que oferecem ao consumidor a opção de buscar o pedido no local.
A plataforma iFood criou um fundo de R$ 1 milhão para amparar os entregadores que tiverem de deixar as ruas por terem contraído o novo coronavírus. O fundo será gerido por uma ONG, que irá fazer a distribuição de recursos aos entregadores impactados pela doença.
De acordo com a empresa, o entregador receberá do fundo um valor baseado na média dos seus repasses nos últimos 30 dias, proporcional aos 14 dias de quarentena. A empresa também destinou R$ 50 milhões de sua receita na forma de um fundo de assistência a restaurantes, com foco especial nos pequenos estabelecimentos locais.
O Uber, dono do app Uber Eats, anunciou medidas para beneficiar restaurantes independentes cadastrados na plataforma de delivery de comida. A empresa não cobrará por taxas de entrega em pedidos realizados nos pequenos e médios estabelecimentos, e também irá isentar os restaurantes das taxas cobradas pela retirada dos produtos, quando o usuário opta por pegar o pedido na loja.
O Uber também informou que dará assistência para seus motoristas e entregadores. De acordo com a empresa, qualquer motorista ou entregador parceiro diagnosticado com o novo coronavírus ou que tiver quarentena solicitada por uma autoridade de saúde pública receberá assistência financeira durante até 14 dias enquanto sua conta estiver suspensa.
O Rappi, que além de comida faz entregas de mercados, farmácias e lojas, teve um aumento na América Latina de 30% em seus pedidos desde o início da crise, segundo reportagem da Reuters. A empresa também informou que está adotando as entregas “sem contato” e fornecendo álcool em gel e desinfetantes para seus entregadores.
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