Uma pesquisa divulgada pela TOV Corretora mostrou que o Real caiu 53% em relação ao dólar norte-americano nos últimos 12 meses. Ao investigar o desempenho de 27 moedas no período de um ano, o estudo revelou que apenas Rússia e Colômbia viram suas moedas despencarem ainda mais: o rublo perdeu 80,34% do seu valor, enquanto o peso colombiano recuou 59,42%, respectivamente.
Parte da explicação se encontra na dependência das exportações, que acabam colocando países emergentes na ?linha de fogo? do mercado, avalia o levantamento. Em outras palavras, quanto mais a economia global ?derrete? com o corte nos saldos externos, maior a vulnerabilidade das nações em desenvolvimento, que passam a assistir a desvalorização de suas moedas contra o dólar. E essa percepção vai contaminando todas as economias que mais contam com a demanda da China, incluindo Coreia, Malásia e Brasil. O estudo faz ainda alerta: ?o mercado de matérias primas está em depressão e o petróleo é uma de suas vítimas.?
Efeitos sobre o poder de compra do consumidor
A desvalorização faz com que todos os bens comercializáveis internacionalmente subam de preço. ?Tudo que aquilo que é importado ou pode ser exportado tem seus preços elevados. Automóveis, eletrodomésticos, vestuário, alimentos industrializados, energia elétrica, etc. Uma parte importante da cesta de consumo básica dos brasileiros influenciada por esses bens que ficam mais caros. A taxa de câmbio subiu 150% nos últimos anos, impactando negativamente 15% do poder de compra dos brasileiros?, afirma Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora.
O cenário poderia ser pior
A economia não anda nada bem na Colômbia e na Rússia. Uma parte importante do saldo de transações correntes da Colômbia vinha do que ela tava produzindo de petróleo e a Rússia enfrenta uma crise global por estar em situação de conflito com os Estados Unidos. ?Algumas nações estão receosas de fazer negócios com os russos. A Rússia está numa situação de pré-conflito com toda a União Europeia por causa da questão ucraniana, e sofreu um embargo decretado por parte da UE sobre a compra de seus produtos, o que gerou uma pressão muito grande sobre a moeda russa?, explica Silveira.
Difícil é ver a conta fechar
Para o economista, dificilmente o Brasil verá o Real alcançar os mesmos patamares de 2002, e o ideal seria que o câmbio dólar-real fosse uma relação sempre crescente. ?Como no Brasil a inflação é sempre maior que nos Estados Unidos, a tendência é que nossa moeda se desvalorize ao longo do tempo, justamente para compensar essa diferença de inflações?, sugere Silveira.
O próprio estudo admite que entender até que ponto as moedas afetam os preços das commodities ou, ao contrário, em que nível a queda dos preços das commodities faz com que as moedas se desvalorizem frente ao dólar, não é tarefa corriqueira. A consultoria que realizou o trabalho conclui com a indicação de que o mercado permanece insistindo numa solução intermediária para benefício das maiores economias: ou seja, onde as commodities caiam e os juros aumentem. ?O difícil é ver essa conta fechar.?
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