É claro que a pandemia trouxe novas necessidades, mas a questão é ter claras quais as mais preponderantes delas e em qual grau. O instituto Vox Populi acaba de dar uma luz nesse sentido ao listar os quatro itens mais desejados dos brasileiros e contrastar com as escolhas feitas em anos anteriores sobre desejos de posse.
Mesmo com a pandemia, a pesquisa realizada em abril com 3.200 pessoas acima de 20 anos em diversas capitais encontrou que ter um plano de saúde não se tornou algo mais desejável que casa própria e educação. Como em anos anteriores, acesso a serviços de saúde na rede privada é a terceira coisa mais importante.
Além disso, a investigação mostra que com a pandemia o brasileiro está ainda mais interessado em bens materiais e serviços de grande utilidade, como carro próprio, celulares, acesso à internet de alta velocidade e computadores.
“O medo de contágio pela Covid-19 fez o carro voltar a ser objeto de desejo do brasileiro como forma de evitar deslocamentos em veículos com aglomerações, enquanto o distanciamento social impôs maior uso de dispositivos eletrônicos e banda larga, para consultas em telemedicina, aulas online para filhos em idade escolar”, aponta José Cechin, superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), que encomendou a pesquisa.
“Tanto essa quanto as demais alterações no ranking de bens e serviços desejados podem ser reflexos da crise sanitária atual”, espera Cechin.
De acordo com a pesquisa deste ano, os quatro itens mais desejados tanto dos que já contam com plano de saúde quanto os que não continuam sendo, em ordem: casa própria, educação, plano de saúde e carro próprio. Neste ranking, casa própria aparece na primeira colocação — posição esta anteriormente ocupada por educação. O Vox Populi chama a atenção para o desejo de se ter plano odontológico, que antes não era avaliado e agora aparece na nona posição tanto entre beneficiários quanto não beneficiários.
Satisfação, recomendação e intenção de manter têm alta histórica
A pesquisa feita com foco nos planos de saúde mostra que o brasileiro está avaliando positivamente os serviços de saúde suplementares que acessa. Os índices de intenção de continuar no plano atual tiveram o melhor desempenho na série histórica iniciada em 2015 — ano em que a pergunta sobre intenção começou a ser feita. De acordo com o Vox Populi, o aumento na satisfação foi de 86% em 2015 para 90% em 2021.
A taxa de recomendação também avançou de 79% em 2015 para 86% em 2021. O maior número foi encontrado em Manaus, de 92%, e o menor em São Paulo, de 83%.
“A taxa vem em linha com outros números da pesquisa e reforça que o brasileiro passou a valorizar ainda mais o plano de saúde em meio à pandemia de coronavírus”, aponta Cechin. “O maior índice foi encontrado na região de Manaus, que sentiu fortes impactos da crise atual”, lembra.
Quanto aos principais serviços utilizados em seus planos de saúde, houve queda no percentual de consultas médicas, enquanto exames diagnósticos aumentaram.
Em suas considerações, o estudo aponta que o brasileiro aumentou sua satisfação com os serviços não só pela qualidade, mas também por conta de uma relativização, a partir da qual tem consciência de que está protegido. “Para além dos problemas da saúde pública, o momento pelo qual o Brasil (e o mundo) atravessa com a pandemia de Covid-19 faz com que aqueles que possuem um plano de saúde suplementar reconheçam sua importância e a boa prestação de serviço, sem destaque para grandes problemas (mesmo considerando o atendimento durante a pandemia)”, aponta o estudo.
Somente uma minoria se diz insatisfeita com o plano de saúde e justifica sua resposta pelo preço e por questões de demora/recusa na autorização de procedimentos.
Segurança, não ter que depender da saúde pública e ter segurança/conforto/tranquilidade são as principais justificativas do brasileiro para se ter um plano de saúde.
Os não beneficiários de planos de saúde ou odontológicos obviamente também reconhecem a importância da saúde suplementar, mas não os têm por conta do valor da mensalidade. “Ou seja, não é por falta de desejo que não possuem um plano de saúde ou odontológico, mas sim, o fato de não terem condições financeiras de arcar com esta despesa agora”, ressalta a pesquisa.
Planos odontológicos como ativos de segurança
A pesquisa também investigou a percepção de consumo de planos odontológicos e aponta que os resultados que envolvem planos de saúde odontológicos também atingiram o melhor patamar na série histórica, com 83% dos beneficiários de planos odonto “satisfeitos” ou “muito satisfeitos”. Consequentemente, eles também indicam mais os serviços, com 85% dos entrevistados, e a intenção em continuar com o mesmo benefício, registrado em 89% dos casos.
“Grande parte da expansão dessa modalidade nos últimos anos é justificada pela ampliação desses planos aos beneficiários de empresas de pequeno e médio porte (antes, centralizadas em grandes corporações)”, relata Cechin.
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