Segundo uma pesquisa da Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe), em parceria com a consultoria KMPG, somente em supermercados, as perdas não identificadas (furtos, roubos e erros humanos) cresceram 52,54% do início da pandemia (2020) até o fim de 2022.
A Abrappe é uma organização independente formada por representantes de mais de 600 empresas de todos os segmentos do varejo brasileiro, que tem como propósito fomentar a cultura de prevenção de perdas por meio da capacitação profissional, geração de estudos, troca de experiências e promoção de networking. Além da presença na capital paulista, a associação está presente em 14 Estados por meio de comitês regionais.
Foi durante um de seus eventos, o 6º Fórum Abrappe de Prevenção de Perdas, realizado em São Paulo, que Fernando Alves, diretor de Prevenção de Perdas e Patrimônio da Pague Menos & Extrafarma, uma das principais redes de farmácias do país, realizou uma palestra sobre como o setor deve se proteger de tais perdas.
No varejo o trabalho em conjunto é fundamental
O principal, segundo Alves, é “influenciar e trabalhar em conjunto com a área comercial” para evitar e previr perdas não identificadas no varejo. Entre as ações apresentadas, o porta-voz destacou a importância das áreas definirem e acompanharem em conjunto um “plano de ação”, levando em consideração descontos, promoções, propaganda, exposições etc.
Outra integração indispensável para prevenção de perdas, segundo Alves, é contar com o apoio da área comercial para a elaboração de contratos de ressarcimento e apoiar as negociações, sempre a partir de números detalhados dos itens perdidos.
“Uma parceria eficaz entre essas áreas é de extrema importância para a sustentabilidade da empresa, porque aprimora o gerenciamento de riscos e vários processos internos que resultam em uma operação mais rentável”, frisa o executivo.
Outro ponto importante, complementa Alves, é a integração entre o setor de Prevenção de Perdas e a área Comercial. “Através desse trabalho em conjunto é preciso também dar transparência e municiar a área de dados e histórico de quebra, garantindo uma gestão comercial mais assertiva, o que pode ser um diferencial competitivo no mercado”, explica o diretor de Prevenção de Perdas e Patrimônio da Pague Menos & Extrafarma.
Cenário Americano
A título de curiosidade, o varejo americano, um dos mais robustos do mundo, também tem um cenário caótico quando o assunto é perdas no varejo – sobretudo com roubos. A última pesquisa da consultoria Hayes International (2022) revela números alarmantes.
Por lá 81% das 26 varejistas pesquisadas relataram aumento de perdas. Roubos, funcionário desonestos, entre outros problemas agravam o quadro. Em contrapartida, o número de apreensões aumentou em 45,6% em relação a 2021, e os varejistas recuperaram mais de US$ 288 milhões de furtos e roubos e de desvios cometidos por funcionários no ano passado – um aumento de 70,5% em relação ao ano anterior.
O levantamento da Hayes também revela que o número de ladrões presos aumentou 50,9%, com recuperações totalizando US$ 237 milhões, um aumento de 90,5%. O número de funcionários desonestos detidos, por sua vez, aumentou 18%, com mais de U$ 50 milhões recuperados, um aumento de 14,7% em relação ao ano anterior.
Um outro artigo publicado no Wall Street Journal, também revela que as drogarias CVS, varejista americana, tiveram um aumento de 300% nos roubos desde o início da pandemia. Hoje, o crime organizado promove ataques mais descarados e violentos em redes varejistas em todo o país, segundo a publicação.
Avaliação de candidatos é ponto crítico
Para tentar minimizar este cenário no varejo americano, a Hayes International promove anualmente questionários de avaliação de candidatos selecionados com testes de honestidade no processo de pré-seleção para vagas no varejo.
De acordo com o último levantamento, dos candidatos entrevistados, 64,1% foram classificados como de baixo risco e 19,3% acabaram elencados como de alto risco devido à admissão de atos irregularidades cometidas anteriormente e a avaliação de suas atitudes em relação a comportamentos honestos e desonestos.
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