A NVIDIA está levando a Inteligência Artificial (IA) para uma nova fronteira: a IA física, um sistema que percebe, raciocina e também age no mundo real. Durante a GTC 2025, conferência de inovação da empresa, foi anunciada a iniciativa Isaac for Healthcare, uma plataforma especializada para o desenvolvimento de robótica na saúde. A tecnologia promete transformar a medicina com simulação avançada, aprendizado por reforço e IA aplicada a dispositivos médicos.
A NVIDIA já vinha construindo sua presença na saúde com modelos de IA baseados em imagem. Agora, a empresa quer dar um passo além, trazendo sistemas que não apenas auxiliam na análise de exames, mas que interagem com o ambiente físico, como robôs cirúrgicos e dispositivos de diagnóstico autônomos.
Nos últimos anos, a IA na saúde se concentrou principalmente na percepção e análise de imagens, auxiliando radiologistas e outros profissionais no diagnóstico. Com a evolução da IA generativa e IA Agêntica, surgiu a possibilidade de treinar modelos médicos em grandes volumes de dados especializados, permitindo que a IA raciocine sobre informações complexas.
“Na área da saúde, a IA física não é apenas inovação, é uma necessidade. Sabemos que há uma escassez global de milhões de profissionais de saúde e, com o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento da população, a IA, que pode agir e interagir dinamicamente nesses ambientes, terá um valor altíssimo”, diz Prerna Dogra, Gerente Sênior de Produtos de IA para Saúde, NVIDIA.
Agora, com a IA física, esses sistemas ganham capacidade de agir, criando um ecossistema onde robôs e dispositivos inteligentes podem executar tarefas autônomas, como auxiliar cirurgiões, realizar exames e até atualizar familiares sobre o estado do paciente.
O desafio da IA física na saúde
A aplicação da IA no mundo físico enfrenta desafios específicos, principalmente na coleta de dados. No universo digital, os modelos podem ser treinados com informações da internet, mas, no mundo real, capturar dados médicos é um processo caro e complexo.
“Isso nos coloca em um curso de resolver alguns desafios computacionais realmente difíceis porque a IA física é difícil. E o que torna isso realmente difícil é qual é a estratégia de dados, certo? Então capturar dados do mundo real é muito custoso”, diz Prerna Dogra, gerente sênior de Produtos de IA da NVIDIA. “E até agora na era dos agentes digitais, estávamos realmente limitados pelos dados da internet. Mas agora que você entra no mundo físico, imagine o que isso significa para nossa indústria”.
Para resolver esse problema, a NVIDIA aposta no conceito dos três computadores:
- Treinamento: Modelos de IA são desenvolvidos nos sistemas DGX;
- Simulação: A IA é testada e pode praticar milhares de vezes em um ambiente virtual antes de atuar no mundo real;
- Execução: O sistema treinado é implantado em robôs físicos, operando com base nos conhecimentos adquiridos.
Isaac for Healthcare
O Isaac for Healthcare, é uma plataforma especializada para desenvolvimento de robótica na área da saúde. Ele permite que desenvolvedores integrem sensores, robôs e modelos anatômicos a um ambiente de gêmeo digital. Nessa plataforma, a IA aprende com interações humanas e aprimora suas habilidades por meio de aprendizado por reforço.
Com isso, a NVIDIA quer impulsionar duas principais frentes:
- Robótica cirúrgica assistida: Automatiza tarefas como sutura e manipulação de tecidos;
- Diagnóstico por imagem autônomo: Utiliza sensores e IA para realizar exames como ultrassom sem necessidade de um operador humano.
A plataforma se baseia em colaborações com instituições acadêmicas de ponta, como UC Berkeley, Georgia Tech, Universidade de Toronto e Johns Hopkins, além de parcerias com empresas de robótica médica.
A NVIDIA deixa claro que não pretende fabricar robôs cirúrgicos ou dispositivos de diagnóstico, mas fornecer a infraestrutura para que essas inovações aconteçam. O objetivo é transformar desafios médicos em problemas computacionais resolvidos com a potência das GPUs da empresa.
