Austin – EUA – A falta de residências acessíveis para aluguel nos Estados Unidos é um problema de grande complexidade, que demanda a criação de uma inovação, uma bala de prata capaz de enfrentar esse desafio.
Mas ao contrário de assuntos como a saúde e o meio-ambiente, o aluguel residencial está muito ausente da agenda nacional e política, mesmo atingindo 11 milhões de famílias americanas, que mal conseguem se sustentar por conta dos aluguéis que pagam.
Em termos simples, uma em cada dez famílias comprometem 30% ou 40% da renda para pagar o aluguel antes sequer de colocar comida em suas casas. Normalmente, o problema é abordado da perspectiva de que essas famílias precisam resolver o problema por si, mudando de casas, renegociando aluguéis, aumentando a renda. Soluções que na vida real não são simples.
Numa perspectiva histórica, na década de 1920, foram registradas diversas “festas de aluguel”, onde músicos de jazz tocavam em residências enquanto seus vizinhos passavam o chapéu para ajudar famílias a pagar seus aluguéis. Essa apresentação, reunindo um diretor de filmes e uma advogada, vai explorar como o storytelling e a música podem ajudar essas famílias, enfatizando a necessidade desses cidadãos na busca por aluguéis justos nacionalmente.
A abordagem dessa questão e a solução encontrada pela ONG Make Room, foram apresentadas no SXSW no painel “Como música e storytelling podem inspirar a mudança social”. Angela Boyd, advogada e Diretora-Geral da Campanha Make Room, Comunidade de Empresas Associadas e Paul Bozymowski, Produtor e Diretor da RadicalMedia mostraram a combinação de verdade, engajamento social, mídias sociais e altruísmo podem ajudar muitas pessoas.
Uma manifestação da sociedade, independentemente das esferas sociais, encaminhou uma solução simples para ajudar quem precisa. A ideia geral era buscar uma campanha de mobilização como aquelas divulgadas por filmes como Super Size Me (A dieta do palhaço), Morgan Spurlock e Verdade Inconveniente, do ex-candidato a presidente e ativista Al Gore.
Jacques MeirFesta do aluguel
A concepção da iniciativa foi justamente a de retomar as “festas de aluguel”, onde músicos engajados pela Make Room começaram a tocar nas residências e em festas no sentido de levantar os recursos para ajudar essas famílias carentes. A mensagem inspirou-se no aforismo de John Denver, de que a linguagem da música é universal, fala à alma, independentemente de classe social, cor ou gênero.
Comerciais foram criados e veiculados nas redes sociais trazendo as histórias e o perfil de algumas dessas famílias. Gente normal, que trabalha, batalha, é honesta, mas que não consegue, por motivos diversos e em situações específicas, pagar o aluguel e viver dignamente. Pessoas com familiares doentes, a necessidade de melhorar a educação dos filhos ou que perdeu o emprego momentaneamente.
Filmes mostrando a performance dos músicos participantes do programa ajudavam a divulgar o trabalho deles e também criavam expectativa é demanda para shows residenciais. Confira-os aqui.
Resultados emocionantes
Os resultados foram incríveis. Uma lição de como as plataformas sociais podem criar um ambiente inovador capaz de criar inovação de valor que possa trazer novos caminhos para a solução de problemas. A repercussão de mídia espontânea foi excepcional, ganhando revistas, jornais, portais, sites, engajamento orgânico – 10 milhões de views, 60 mil doadores, US$ 50 mil dólares em pequenas doações e 3 milhões de seguidores. F
ortes, Wall St Journal, Washington Post e Rolling Stone abriram espaço para o problema e a iniciativa. Ainda assim, o desafio permanece. A expectativa é que o número de famílias americanas que venham a comprometer mais de 30% da renda com aluguel pode chegar a 25% em dez anos.
As lições da Make Room: conecte-se, seja honesto, considere a sua audiência e procure atuar em rede.
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Jacques Meir é Diretor de Conhecimento e Plataformas de Conteúdo do Grupo Padrão.