A National Geographic é um desses negócios que antecipou muitas das tendências que hoje recheiam os livros de negócios. Uma empresa movida por uma causa, sempre inclinada a correr riscos e a defender seus valores e cultura, capaz de engajar seus consumidores intensamente e que faz da força de suas imagens uma marca
de extraordinário apelo e força, muito antes do Instagram sequer ser imaginado. A diferença é que a National Geographic faz isso há décadas. Talvez ela tenha sido uma das primeiras empresas genuinamente Millennials da história.
Essa história de profunda dedicação à preservação do planeta, que motiva jovens a atravessarem toda sorte de situações para que o mundo possa se conhecer e novas ideias sobre como promover o desenvolvimento do planeta de forma sustentável sejam criadas, é digna de ser contada e repercutida.
O SXSW trouxe um painel incrível – “Exploradores da National Geographic mudam o mundo” – com personagens que entendem e comungam os princípios desse ícone precursor da ideia de sustentabilidade. A conversa teve como participantes, Gary Knell, presidente e CEO da National Geographic, Albert Lin, Cientista da Universidade da Califórnia e explorador da National Geographic, Erika Bergman, piloto de veículo submersível e exploradora oceânica e Topher White, fundador da Rainforrest Conenction, uma startup que converte celulares em aparelhos mimos a energia solar para proteger áreas remotas de florestas.
“Vamos mudar o mundo juntos”, mais que um slogan, essa é a crença da National Geographic. Gary Knell começou o painel de uma forma diferente, pedindo que todos celebrem o aniversário de Albert Einstein, que acontece em 14/03.
A National Geographic é a marca que mais seguidores têm no Instagram, e, segundo Knell, muito perto de “superar Kim Kardashian”. A plataforma tem uma audiência de 70 milhões de pessoas no mundo, pessoas que assistem seu canal e milhares de leitores. Ela envolve uma comunidade de professores, pesquisadores, cientistas, geógrafos, fotógrafos e profissionais de tecnologia, todos unidos para compreender o mundo em que vivemos. Eles não procuram “venture capital”, mas sim “adventure capitals” na forma de pessoas com gosto pela exploração e por ultrapassar limites. Compartilhar experiências e motivar um comportamento de respeito e interesse pela vida em nosso planeta é um motivador do trabalho desses aventureiros.
Erika por exemplo é uma entusiasta do uso da tecnologia em seu trabalho de compreensão do ambiente. Ela conta a emoção que sentiu ao usar câmeras 360° que permitam a ela interagir profundamente com animais na floresta. Albert Lin era fã da revista National Geographic desde que era criança, quando viu fotos de Machu Pichu. Há dois meses, ele perdeu uma parte de sua perna direita. E hoje usa tecnologia como parte do corpo. Ele se diz um precursor da interação homem-máquina com a prótese que colocou na perna. A própria empresa, National Geographic, foi fundada por engenheiros e a tecnologia continua permitindo a ela continuar sua missão de explorar o mundo e suas maravilhas.
Topher White conta de suas experiências com seres humanos que simplesmente não usam e nem fazem ideia da utilidade de um telefone. Nas florestas, a ausência do smartphone permitiu a ele descobrir sons que ele jamais imaginaria escutar. Sons que depois registrou e mostrou para a plateia do SXSW. Ao estar nas florestas, Topher percebeu que o desmatamento é a segunda principal causa da mudança climática e isso faz toda diferença, principalmente quando tanto esforço é utilizado para reduzir outros fatores que impactam o clima.
Tecnologia do bem
“Meu dia é ficar na água das 9 às 5 da tarde. E eu preciso simplesmente compartilhar essas experiências com as pessoas. Há tantas histórias para serem contadas”, contou Erika. Ela criou um grupo de garotas que criou robôs para atuarem debaixo de água. “A ideia é que a National Geographic crie contadores de histórias, junte engenheiros e conservacionistas e permita a eles contar histórias diferentes e estimular mais pessoas a fazerem isso”, disse a exploradora. Exatamente por isso Erika criou o grupo com as meninas. É uma forma de criar tecnologias que ajudam a fazer o bem.
Colaboração é tudo
Topher diz que o espirito colaborativo é parte do trabalho da Rainforrest Connection ter pessoas conhecidas, que partilham de valores comuns, que têm interesse real em proteger suas comunidades, e ajudam no trabalho de notificar problemas nas florestas. O pesquisador mostrou índios brasileiros que ajudam a organização a atuar de forma pró-ativa contra agentes ilegais na Floresta Amazônica. Alarmes em tempo real precisam ser instalado sem territórios muito abrangentes, mas são muito importantes. Quanto menor o tempo de reação, maior a possibilidade de evitar delitos e agressões contra a floresta.
Erika diz que colaboração é crítica. É impensável atuar embaixo da água sem colaboração. No Canadá, Erika localizou esponjas, formas de vida que estão entre as mais antigas do planeta. Registrar as imagens de formas de vida com mais de 5 milhões de anos só foi possível com muita parceria e espírito de equipe. Todos com o desejo genuíno de compartilhar essa experiência com toda a humanidade.
É impressionante verificar como a National Geographic conseguiu incorporar a tecnologia para reforçar seu negócio e sua atuação. Ela hoje é uma espécie de elemento que une mais ainda a comunidade de exploradores e permite a eles irem ainda mais fundo, mais longe e com mais coragem no registro das imagens que realmente definem nosso planeta. Em planícies perdidas na Mongólia, em Lagos gelados no norte do Canadá, embrenhada no interior mais denso da Floresta Amazônica, a tecnologia permite que o registro das imagens e das histórias de nosso planeta aconteçam de forma muito expressiva. Uma perspectiva millennial de vida, em sua busca por propósitos e por sentido.
A grande aventura da vida na Terra é uma história contada pelos impetuosos exploradores da National Geographic. Um planeta que será também um ambiente de ciborgues como Albert Lin.
*Jacques Meir é Diretor Executivo de Conhecimento, Conteúdo e Comunicação do Grupo Padrão.