Comportamento

Mães refugiadas no Brasil encontram oportunidades e recomeço

Mulheres e mães que tiveram que deixar sonhos, famílias, casas em busca de uma esperança de uma melhora de vida. Assim são as mulheres refugiadas que escolheram o Brasil para reconstruir suas vidas. Globalmente, elas representam cerca da metade das 100 milhões de pessoas forçadas a se deslocar, de acordo com a Acnur (Agência da ONU para refugiados).

Com essa realidade desafiadora, a busca por uma nova moradia e conseguir trabalho é muito mais que um objetivo, é um sonho de sobrevivência. Um desafio que se apresenta ainda maior quando a maternidade precisa também ser gerenciada por essas mulheres refugiadas.  

Bat Seba, 38, venezuelana, veio ao Brasil com seus três filhos e, quando chegou em Manaus ao buscar refúgio no país, descobriu que estava grávida do quarto filho. A descoberta da gestação foi uma surpresa, e seu bebê já estava com cinco meses. Pouco depois, ela se mudou para São Paulo, sendo o local onde conseguiu oportunidade de emprego remoto, como atendente de suporte técnico no atendimento bilíngue da Foundever, empresa especializada em CX, onde trabalha há quase três anos e conta com cerca de 700 pessoas em refúgio admitidas.

“A oportunidade de trabalhar no modelo home office faz com que eu consiga organizar melhor meu tempo e dar atenção aos meus filhos, porque não é necessário me locomover, o que me custaria quatro horas de trajeto diariamente”, comenta.

A conquista do emprego é uma porta que se abre para a esperança de uma vida melhor. Além de celebrar essa conquista, a colaboradora enfatiza sonhar que seus filhos possam ter um futuro melhor no Brasil ao seu lado e diz se empenhar muito em uma maternidade presente. “Eu não consegui oferecer isso como mãe em nossas terras, mas acredito que aqui eles poderão ter uma vida mais digna”, ressalta.

Trabalho remoto e maternidade

O home office também oferece otimização de tempo na maternidade para Anais Alvarez, jovem de 28 anos, formada em Direito em seu país de origem, também colaboradora da mesma companhia em que Bat Seba trabalha com atendimento ao cliente. Atualmente, ela é mãe de dois filhos, sendo uma garota de nove anos e um garoto de apenas dois anos de idade.

A jovem compartilha que a cultura da Venezuela é similar à do Brasil em relação aos preconceitos em ser mãe e lidar com a rotina do trabalho. Ela ressalta que a primeira pergunta que fazem em cada entrevista de emprego é se tem filhos, e qual a idade das crianças, dentre outros questionamentos para filtrar os possíveis empecilhos que possam fazer com que uma mãe falte ao trabalho.

“Entrei como estrangeira, e o Brasil e a Foundever têm ajudado no meu crescimento pessoal e profissional. Sinto que, independentemente de ser mãe, isso não ofusca meus sonhos e a cada dia continuo crescendo mais. Aqui há mais oportunidades e, por meio do meu trabalho de casa, é mais fácil avançar nas duas carreiras, a de funcionária e a de mãe”, celebra.

A companhia que a jovem atua, é reconhecida pelo Acnur como uma das líderes em contratação de refugiados no Brasil e, até mesmo, realiza eventos de empregabilidade e capacitação para esse grupo. Em seu relatório interno de Recursos Humanos, são 626 colaboradoras mães; sendo 141 delas venezuelanas e destas 93 assumem a maternidade solo.

Mercado de Trabalho para refugiados

Os membros do Fórum Empresas com Refugiados, pela primeira vez em 2023, realizaram monitoramentos para entender o contexto das contratações de pessoas refugiadas e de quanto as empresas estavam engajadas na causa. Das 38 empresas respondentes, notou-se um aumento geral de 39% nas contratações (entre a adesão ao Fórum até outubro de 2023), o que significa que aproximadamente 2.230 pessoas refugiadas foram contratadas por estas empresas no período. Os 38 membros reportaram que, atualmente, contratam 8.595 pessoas refugiadas e já apoiaram cerca de 1.540 com capacitação em 2022 e 2023.

No entanto, um outro dado, dessa vez da empresa Vagas.com Um estudo feito pela recrutadora de talentos Vagas sobre o “Mercado de Trabalho para Pessoas Refugiadas no Brasil”, perguntou aos recrutadores se as empresas em que trabalham já promoveram programas de contratação de pessoas refugiadas e mais da metade (57,1%) disseram que não.

A diretora de Recursos Humanos da Foundever, Adriana Wells, explica que todas as empresas podem contratar refugiados e outras minorias, adaptando o que for necessário no processo e ter o time de recrutamento apoiando a causa soma ainda mais na empatia no processo, mas a prática precisa ser uma meta da empresa. “Temos essa cultura na Foundever e o apoio do CEO e gestores, e a grande maioria das empresas se sente preparada para lidar com esse grupo, mas por não terem essa cultura acaba não sendo uma realidade. Por isso é necessário fortalecer a cultura organizacional, do topo à ponta e, em seguida, começar a fomentar as atividades internas e ações de contratações”, alerta.

Bianca Alvarenga

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