As pesquisas de busca e interesses reunidas pelo Pinterest (leia a matéria aqui) já adiantaram a informação: 2020 deve ser o ano oficial do home office no mundo. Com mais e mais gente trabalhando de casa (ou de qualquer lugar que não seja um escritório formal), pode ser que finalmente tenha chegado a sua hora de entrar nesse movimento.
Empresas grandes e pequenas podem implementar o home office nas suas rotinas. Ou seja, essa não é uma opção exclusiva de quem é freelancer ou profissional liberal.
De olho nesse movimento, conversamos com uma superexpert no assunto – a consultora Marina Sell Brik, que já escreveu mais de seis livros sobre o assunto, entre eles As 100 Dicas do Home Office, o primeiro do gênero a ser publicado no Brasil. É também criadora do portal GoHome junto com André Brik e é sócia-consultora do Instituto Trabalho Portátil (trabalhoportatil.com.br). O livro Trabalho Portátil, que escreve em parceria com André, tem introdução do sociólogo italiano Domenico De Masi.
Além de dicas preciosas para manter o foco e a produtividade fora do ambiente formal, Marina compartilhou também sugestões para abordar o chefe ou o RH da empresa para propor essa ideia se o seu escritório ainda não faz uso desta tendência. Acompanhe o bate-papo:
CONSUMIDOR MODERNO – Por que você acredita que o trabalho em home office está ganhando cada vez mais adeptos? Anteriormente ele era mais relacionado à pessoas que tinham profissões de horários liberados, freelancers, certo?
MARINA BRIK – Hoje falamos não só de home office, mas de trabalho flexível. Como o trabalho ocupa uma grande parte da nossa vida, precisa ser bem administrado. Todos buscamos o famoso equilíbrio entre vida pessoal X vida profissional e atualmente isso ficou muito mais fácil com a ajuda da tecnologia. Posso trabalhar do Uber, do hotel, da cafeteria, de casa ou do escritório. Não importa. O que importa é entregar um resultado bem feito e dentro do prazo pedido. Por isso que reforçamos que essa é uma relação de trabalho madura, baseada na confiança. Se o colaborador trabalha bem na empresa, ele é capaz de fazer isso bem em qualquer lugar. Na empresa Cisco, por exemplo, que é citada como um case no nosso livro Trabalho Portátil, o funcionário pode começar a trabalhar remoto já no primeiro dia. Não faz mais sentido, especialmente para os trabalhadores da Geração Y em diante, se deslocar até um ponto se ele pode para realizar um trabalho de qualquer lugar. Claro que é preciso disciplina para realizar tudo de forma adequada (e inclusive parar de trabalhar na hora certa). Mas nada que um pouco de organização e compromisso não resolvam.
CM – Você pode compartilhar com a gente 5 dicas básicas para não perder o foco ou a concentração trabalhando de casa?
MB – Sim, vamos lá.
1. Tenha um lugar específico para o trabalho e avise todos da casa sobre isso. Só você pode mexer lá. Mantenha-o organizado.
2. Crie rituais de trabalho. Por exemplo: levar uma garrafinha de água para a bancada no início do seu expediente, ou colocar os óculos, ou levar a bolsa até a sua mesa. Rituais nos ajudam a entrar no “mood” de trabalho (ou sair dele).
3. Avise todos da casa (incluindo funcionários domésticos) sobre o seu horário de trabalho e que quando estiver ali é como se estivesse no escritório fora de casa. Ou seja, você precisa de silêncio e não pode ser interrompido. Também vale criar uma sinalização para avisar quando está no “modo trabalho”.
4. Da mesma forma, se policie para estar presente nos momentos de vida pessoal. Desligue o celular (ou coloque no silencioso), cultive um hobby, tenha vida fora da sua “pessoa jurídica” e respeite esse horário.
5. Uma bancada organizada facilita o fluxo de trabalho (pode ser um cantinho também). Tenha à mão tudo o que precisa para não ficar levantando a todo momento para pegar algo.
CM – Muita gente tem medo de não render o suficiente fora do escritório. Como desmistificar isso?
MB – Se você não estiver se sentindo produtivo, tente trabalhar em blocos, ou seja, em pequenos espaços de tempo focados em uma coisa só. Desconecte de tudo (celular no modo avião, fones de ouvido com ou sem música, ignore a campainha) e se comprometa a trabalhar por uma hora direto. Depois disso, se dê um intervalo de 10, 15 minutos (banheiro, lanchinho, ligações) e depois faça mais um bloco desses. Ajuda muito e não parece tão impossível quanto um dia inteiro de trabalho.
CM – Você acha uma boa ideia o profissional pedir ao chefe (ou conversar no RH da empresa) para começar a fazer alguns dias de home office? Que conselhos daria para quem quer seguir por esse caminho e precisa ter uma conversa na empresa sobre o assunto?
MB – Acho superválido ter essa conversa com o chefe e isso está inclusive cada vez mais frequente nas empresas. Geralmente começam com um dia na semana de home office. Em São Paulo é comum pegar o dia do rodízio de carro. Depois, as duas partes ampliam e fazem ajustes. No site do GoHome tem mais conteúdo sobre isso.
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