Agora que as semanas de moda e os eventos caríssimos em pontos turísticos como Paris, Milão ou Nova York estão sem data para acontecer por causa da pandemia do novo coronavírus, as grifes de luxo estão correndo atrás de se reinventar para atrair seus ricos consumidores. E para isso, apostam mesmo é em tecnologia, de maneiras a unir cada vez mais a experiência de compra com a sensação de diversão e entretenimento.
É em seus ambientes de shopping online ou em parcerias com empresas de aplicativos tech que labels como Gucci ou a marca de beleza Estée Lauder estão colocando seus esforços para atrair e – mais importante – manter o consumidor desejando seus produtos. Um dos exemplos mais comentados pelos veículos especializados de moda, como o portal WWD, é a união da Gucci com o jogo de tênis Clash, que começou no final de junho, e através da qual se pode escolher o uniforme do avatar dos jogadores usando peças da grife, claro. É o segundo passo consistente da marca em direção a uma renovação de sua forma de vender após anunciar que desfilará apenas duas vezes por ano.
A Gucci também já cria versões digitais das peças de suas últimas coleções e o próximo passo é colocar no ar uma plataforma que permite aos usuários desenhar tênis virtuais e depois colocá-los nos pés usando realidade aumentada. A ideia é que esses produtos inspirem desejo de compra real ou – em último caso – reforcem a ligação com a marca no mundo virtual. De acordo com o site “Fast Company”, já teve quem gastasse 2.400 dólares em um par de tênis virtuais em um jogo para celular de nome Aglet; e 9.500 dólares em um vestido que só existe no Instagram.
Compra ou diversão?
A Gucci segue o caminho que outras brands luxuosas vêm trilhando, que é o de associar à tecnologia indo muito além de manter o “bom e velho” marketplace funcionando. Isso já é passado por aqui. No iOS é possível baixar o Gucci Ace e o Gucci Bee, dois apps de jogos, um que é um labirinto a ser superado e outro que acaba sendo uma viagem por games antigos, desde os anos 70. “Os mundos da moda e dos jogos estão se chocando”, disse Robert Triefus, CMO da companhia, para a “Fast Company”.
Mas a Gucci não está só nesse mercado. Valentino, Marc Jacobs e Louis Vuitton também estão nessa e criaram jogos simples como forma de fazer marketing. A Vuitton, por exemplo, lançou um game estilo anos 80 inspirado na coleção outono-inverno 2019 de seu diretor criativo para moda masculina, o designer Virgil Abloh.
A Hermès tem um game no celular para quem quiser arremessar – virtualmente – ferraduras, objetos que fazem parte da história da marca; e a francesa Estée Lauder, gigante do ramo da beauté, acaba de lançar dois joguinhos para promover seus produtos de pele.
De acordo com Laura Belmond, uma especialista em moda ouvida pela “Fast Company, e que vem da Ellen MacArthur Foundation, organização sem fins lucrativos dedicada à sustentabilidade, com modelos de roupas sendo criados virtualmente e com a realidade aumentada permitindo que os clientes “provem” as peças antes mesmo de elas existirem, há grandes chances de o mercado fashion sofrer uma reviravolta das grandes. Com peças feitas para serem usadas apenas no Instagram ou que tenham mais valor no mundo virtual, a quantidade de lixo criado por essa indústria pode se reduzir drasticamente. Os jogos dão visibilidade para o produto e depois a pessoa escolhe se quer ou não desembolsar milhares de dólares para mantê-lo no mundo virtual ou em seu closet mais próximo.
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