No início de 2025, tornou-se comum jovens universitários usarem chatbots de Inteligência Artificial (IA) como parte natural da rotina: para estudar, revisar textos, esclarecer dúvidas e até organizar a vida pessoal. Agora, uma pesquisa do Yahoo e da YouGov mostra que a Geração Z não apenas adotou os chatbots de forma maciça, como também desenvolveu um padrão de uso mais intenso e profundo do que qualquer outra faixa etária. A rapidez dessa transformação começa a levantar discussões sobre possíveis impactos cognitivos, sociais e comportamentais.
Realizado com 1.770 adultos nos Estados Unidos entre 23 e 27 de outubro, o levantamento mostra que o uso de IA generativa não apenas cresceu, como se tornou parte integrada do dia a dia dos mais jovens, especialmente da Geração Z, aqui definida como pessoas entre 18 e 29 anos.
Adoção desigual
A pesquisa mostra uma diferença grande: 82% dos adultos da Geração Z já usaram um chatbot de IA, como ChatGPT, Google Gemini, Copilot, Claude, Grok ou Meta AI. É um índice muito superior ao das demais faixas etárias. Entre os Millennials, o percentual cai para 68%; entre a Geração X, para 54%; e entre os Baby Boomers, despenca para 33%.
A disparidade não surpreende totalmente: historicamente, novas tecnologias ganham tração primeiro entre os mais jovens. Mas, neste caso, o modo de uso e a intensidade dessa interação elevam o debate para outro patamar.
Entre os usuários da Geração Z, 82% afirmam usar chatbots de IA todos os dias, frequentemente ou ao menos às vezes. O uso diário chega a 16%. Já entre Millennials, apenas 12% dizem recorrer aos chatbots diariamente. Entre Geração X e baby boomers, a rotina é ainda menos frequente: somente cerca de 7% a 14% utilizam a IA de forma cotidiana.
Usos diferentes
As diferenças entre gerações ficam ainda mais evidentes quando se olha para o “como” e o “por quê”. Os baby boomers utilizam chatbots principalmente para tarefas objetivas e pontuais, como responder perguntas factuais, obter dicas de viagem ou tomar decisões de compra.
A Geração Z, por outro lado, avança rumo a usos mais profundos. Os Zoomers são significativamente mais propensos a empregar IA para pesquisar temas complexos, resumir textos longos, automatizar processos de trabalho e até conversar informalmente. Também se destacam na disposição para discutir assuntos pessoais com os chatbots.
Os dados mostram que os Baby Boomers (53%) são muito mais propensos do que os Zoomers (34%) a dizer que usam chatbots de IA para “responder a uma pergunta factual”, enquanto os Zoomers (39%) são muito mais propensos do que os Baby Boomers (27%) a dizer que usam chatbots de IA para “pesquisar profundamente um assunto”.
Novos hábitos cognitivos
Se no passado livros, rádio, TV e internet levantaram preocupações sobre seus impactos no cérebro, a IA inaugura um debate distinto. Ao simular processos de pensamento humano e, em certos contextos, substituí-los, os modelos generativos têm potencial para influenciar diretamente a forma como raciocinamos, pesquisamos, memorizamos e tomamos decisões.
Curiosamente, a Geração Z demonstra consciência dessa ambiguidade. Ao serem questionados se a IA os torna mais inteligentes ou mais “burros”, eles foram os que mais responderam que a tecnologia os faz “mais inteligentes em alguns aspectos e mais burros em outros”.





