O setor de turismo brasileiro continua demonstrando resiliência e crescimento, com a hotelaria vivendo um momento de expansão. Segundo os dados do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (InFOHB), entre janeiro e agosto de 2024, o segmento registrou um aumento de 1,2% no desempenho geral. Além disso, a projeção para os próximos anos é promissora: o Panorama da Hotelaria Brasileira 2024 estima investimentos de R$ 8,4 bilhões até 2028.
Nesse cenário de expansão, o Grupo Accor está entre os maiores grupos hoteleiros do país. Mesmo diante de desafios globais, como oscilações econômicas, conflitos geopolíticos e desastres naturais, o grupo mantém uma trajetória de crescimento. Em 2024, a Accor registrou uma receita de 5,6 bilhões de euros, um aumento de 11% em relação ao ano anterior, e viu seu RevPAR crescer 5,7%. O EBITDA atingiu 1,12 bilhão de euros, um avanço de 12% em relação a 2023.
“A geopolítica, a consciência ecológica e a tecnologia são influenciadores no negócio e por isso que temos que trabalhar em cada um deles para dar o melhor serviço para nossos hóspedes”, afirma Thomas Dubaere, CEO da Accor Américas. Ele também destaca que as viagens internacionais estão voltando aos níveis pré-pandemia, e a expectativa é de otimismo para 2025 com crescimento global entre 3% e 5%, ultrapassando 1,5 bilhão de visitantes internacionais.
Turismo internacional impulsiona setor no Brasil
Em janeiro de 2025, o Ministério do Turismo do Brasil anunciou um recorde: 1,6 milhão de visitantes internacionais desembarcaram no país no primeiro mês do ano, o resultado divulgado é o melhor registrado para o mesmo mês desde 1970. “Se essa tendência se mantiver, podemos chegar entre 10 ou 11 milhões de turistas ao longo de 2025”, avalia Dubaere.
Em 2024, o Brasil registrou 6,6 milhões de turistas internacionais. “Ainda não temos um fluxo significativo da Europa, o que se deve, em parte, à infraestrutura”, avalia o CEO da Accor. “A maioria é da América Latina, como Argentina e Chile, para dar alguns exemplos. Ainda não temos esse fluxo internacional que vem da Europa. Uma das primeiras razões é o voo. Ou seja, a infraestrutura ainda tem que melhorar nos anos futuros. Mas acho que isso também é um esforço do governo que já está fazendo promoção do Brasil”, complementa.
Dubaere trouxe dados do relatório Ibis Trend Report for 2025, que mostra que o turismo de lazer domina o mercado, representando 75% das viagens. A tendência de combinar turismo e negócios – o chamado bleisure – também segue em alta. Grandes eventos, como shows internacionais e atrações culturais icônicas, impulsionam o fluxo de visitantes e incentivam estadias mais longas. Um exemplo foi a reabertura da Catedral de Notre-Dame em Paris, que recebeu mais de 2 milhões de visitantes nos primeiros 60 dias.
“Os turistas agora viajam menos, mas permanecem mais tempo nos destinos escolhidos. O que quer dizer que em nossos hotéis também temos que antecipar e trabalhar mais nas experiências”, destaca Dubaere.
Estratégia de crescimento e expansão
Na divisão Premium, Midscale & Economy Americas, a Accor registrou um aumento de 11% no RevPAR. Em 2024, o grupo assinou 28 novos contratos na região – 19 no Brasil e 9 nos Estados Unidos e América Latina –, totalizando mais de 3.000 novos quartos. O investimento dos parceiros nesses empreendimentos soma US$ 200 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão).
Na República Dominicana, a Accor expandirá sua presença com três novos hotéis: ibis Higüey, ibis La Romana e ibis Punta Cana, previstos para inauguração em 2027. Esse movimento faz parte de um Acordo de Desenvolvimento Exclusivo (EDA) com o Grupo de Valle (GDV), válido por cinco anos.
No Brasil, a interiorização da hotelaria continua sendo um pilar estratégico. A Accor firmou contratos para abrir hotéis em novos destinos, como Sobral (CE) e Patrocínio (MG), expandindo sua presença para cidades secundárias com demanda crescente. “A estratégia continua clara, continuamos fazendo grandes hotéis em grandes cidades, mas também vamos para as franquias nas cidades secundárias e principais do Brasil”, explica Abel Castro, Chief Development Officer da Accor Americas.
A franquia tem sido o modelo predominante de expansão da Accor na América Latina. Em 2024, 95% dos contratos assinados seguiram esse formato. Segundo Castro, essa estratégia permite crescimento rápido e sustentável. “A Accor não está somente focada nas cidades principais. Historicamente, sim, é normal, porque tem que começar em alguma parte. Mas isso demonstra que a Accor está buscando também e que há potenciais em todas as regiões do Brasil”, reforça Thomas Dubaere.
Conhecimento do consumidor e personalização
Para a Accor, o futuro da hotelaria está na personalização. Para oferecer experiências únicas em larga escala, é essencial conhecer profundamente os hábitos e preferências dos clientes. “Ao longo dos anos, falamos muito sobre alimentos e bebidas. Hoje, o investimento vai além: um hotel não é apenas um quarto, mas um espaço onde se pode desfrutar de entretenimento, gastronomia, música, piscinas e outras experiências”, afirma Dubaere.
Em 2024, a Accor investiu em campanhas de marketing segmentadas para fortalecer suas marcas na América Latina, com foco nas marcas Pullman, Novotel e família ibis. A campanha “Pullman não é só um hotel. No Pullman, histórias acontecem”, utilizou histórias reais e produção cinematográfica para impactar 60 milhões de pessoas no Brasil, Chile e Peru. Com forte presença digital e em salas de cinemas, a ação gerou 27 milhões de visualizações, aumentou em 50% as buscas por “Hotel Pullman” no Google e impulsionou as vendas em 10% no Brasil e 36% nos países hispânicos.