A quantidade de tentativas de fraudes contra empresas e consumidores, especialmente no ambiente digital, registrou um aumento de 58% na comparação entre 2021 e 2020. A informação está presente na mais recente edição do Mapa da Fraude, estudo desenvolvido pela Clear Sale, empresa especializada em soluções antifraude para diferentes mercados, e que foi divulgado nesta quarta-feira (2). O crescimento está relacionado a forte aceleração da transformação nas relações de consumo a partir da pandemia.
Segundo dados da pesquisa, foram evitados R$5,8 bilhões de transações potencialmente fraudulentas este ano contra R$ 3,6 bilhões no ano anterior. O estudo ainda detalha outros números das tentativas de fraude. Em 2021 foram registrados um total 375,5 milhões de pedidos, considerando todos os setores da economia.
A imensa maioria dos pedidos analisados pelo relatório, ou mais precisamente 320 milhões transações, referem-se ao e-commerce. Dentro desse universo, houve um total de 6,1 milhões de tentativas fraudes em 2021 contra 3,5 milhões de 2020. Ou seja, do total de casos no ano passado, 1,9% seriam as tentativas de fraudes. Em 2020, esse percentual foi de 1,3%. “Ao olharmos para o cenário de números absolutos de 2021, podemos dizer que as tentativas de fraude cresceram, proporcionalmente, relacionado ao volume de pedidos, principalmente por conta da aceleração dos mercados digitais, que inclui o e-commerce”, explica Marcelo Queiroz, head de Estratégia de Mercado da ClearSale.
Profissionais envolvidos em fraudes
Uma das importantes conclusões do estudo confirma uma impressão de especialistas em segurança cibernética: ao contrário do que muita gente afirma, a maioria das fraudes são cometidas por criminosos organizados e não mais por jovens hackers, muitas vezes adolescentes, e que costumam agir sozinhos. Um dos dados que endossa essa afirmação está relacionado aos dias e horários de maior incidência de atuação dos criminosos. De acordo com a pesquisa, eles agem essencialmente nos dias úteis da semana e durante o dia. À noite, assim como os demais consumidores, preferem dormir.
“Quando pegamos o gráfico, há realmente um pico entre 3h e 4h da manhã. Isso ocorre porque nesses horários há uma queda vertiginosa no número de pedidos de pedidos. (Os criminosos) não seguem necessariamente o horário comercial, porém é bem difundida durante o dia. Percentualmente falando, o número é alto porque ocorre o seguinte: duas tentativas de fraude em um universo de 100 mil pedidos é uma coisa, agora os mesmos dois casos em um cenário de 100 pedidos é outra. Eles são profissionais da fraude, que usam a prática como forma de trabalho. À noite eles dormem”, explica Marcelo.
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Categorias
O estudo ainda mostra que a categoria de produto mais fraudado é o celular, algo que também ocorreu no ano passado. Da totalidade de compras desta categoria, 5,61% dos pedidos foram possíveis fraudes. Segundo Queiroz, o motivo está relacionado a maior facilidade de revenda de um produto de um celular adquirido de maneira fraudulenta se comparado, por exemplo, a uma geladeira.
Em segundo lugar estão os produtos eletrônicos em geral (5,11%) e, em terceiro, Automotivos (3,13%) ou basicamente peças de carros. Esses itens ficaram mais escassos no mercado na pandemia e resultaram em uma quantidade menor de carros fabricados e uma incomum valorização de seminovos e usados. “O aparelho celular oferece grande liquidez no mercado secundário, podendo ser facilmente revendido para gerar lucro rápido, além de serem fáceis de transportar. Por isso ele costuma liderar a lista de produtos com mais tentativas de fraude”, explica Marcelo.
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Regiões
A região Norte, assim como em todo 2020, segue com o maior índice de tentativas de fraude sobre a quantidade total de transações: em 2021, 3,92% dos pedidos na região foram alvo de ataques. Na sequência, aparecem Centro-Oeste com 2,51% e Nordeste com 2,45% e, por fim, Sudeste e Sul completam com 2,11% e 1%, respectivamente.
Gênero
O Mapa mostra que os homens foram mais vítimas de fraude do que mulheres em 2021. Em relação ao total de pedidos, o público masculino sofreu com 3,03% de tentativas de fraude versus 1,36% das mulheres. Analisando por faixa etária, pessoas até 25 anos foram as mais visadas.
Datas comemorativas
Quando o assunto é datas comemorativas, o Dia das Crianças foi o período que mais sofreu com ataques: 2,52% do total de tentativas de fraudes. Em seguida, estão Dia dos Pais (2,25%), Natal (2,11%), Dia dos Namorados (1,97%) e Dia das Mães (1,91%). Durante a Black Friday, apesar do número de pedidos fraudulentos crescer bastante, a quantidade de bons pedidos cresce muito mais — dessa forma, o percentual fica reduzido a ponto de não figurar entre as datas mais visadas.
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