A Times Square ficou debaixo d’água durante três dias, mas os turistas não abriram seus guarda-chuvas. Na verdade, nem se molharam. De uma hora para outra, um dos locais mais visitados do mundo foi invadido pelo mar e mais de cem embarcações ocuparam o lugar antes reservado aos carros. O congestionamento marítimo, no coração de Nova York, faz parte de uma experiência sensorial promovida pela união entre realidade mista e arte. Chamada de Unmoored, a instalação de Mel Chin pôde ser sentida pelos visitantes com ajuda do dispositivo Microsoft HoloLens, um computador holográfico que é encaixado na cabeça. “A realidade mista permite que você realmente enxergue e ouça o que deve acontecer no futuro”, disse Chin, no site da Microsoft.
A ideia do artista era mostrar o que deve acontecer com a cidade americana nos próximos anos devido às mudanças climáticas. “Ouvimos cientistas falando sobre um futuro distante – de um mundo nove metros abaixo d’água. Provavelmente não é algo que você experimentará a menos que algo catastrófico aconteça. Esse projeto pretende ter sua própria forma de drama e permite que as pessoas absorvam e meditem como seria. Deve ser uma expressão digital poderosa. Então, se é o futuro, como esse prognóstico pode nos tornar mais conscientes no presente?”, questionou o artista.
Equipes de desenvolvedores, animadores, artistas 3D e designers de som trabalharam em colaboração com Chin, que tinha sua própria equipe da Universidade da Carolina do Norte Asheville, para pesquisar os barcos que aparecem em Unmoored.
“Como artista, posso sonhar e postular muitas coisas, mas, trabalhando sozinho, é improvável que eu dê vida a todas elas. Essa é a possibilidade quando você tem uma colaboração entre arte e tecnologia moderna. É uma inundação de ciência que a imaginação sente.”