O que você queria ser quando crescesse? Essa é uma pergunta feita com frequência às crianças, que desperta, já na infância, o pensamento sobre habilidades a serem desenvolvidas e profissões com as quais se têm afinidade. Com o tempo, a ideia começa a ser amadurecida: da matemática à aula de história, começam a surgir as preferências reais e, de repente, tudo aquilo que era invenção passa a ser estruturado e, infelizmente, limitado em definições específicas – colocadas dentro de caixinhas.
Durante o segundo dia de atividades do Consumidor Moderno Experience Summit 2019, em Praga, inclusive, Alberto Levy, o evangelista da inovação e coordenador de conteúdo do evento, apresentou dados que comprovam a perda da criatividade a partir da entrada na escola. Lá, aprendemos muito, mas deixamos de ser inovadores.
Todas as fantasias da infância, muitas vezes cheias de propósito, são postas em dúvida por questões salariais, pesquisas sobre as áreas de biológicas, humanas, exatas, vestibulares e notas. Inventar? Nem pensar. É preciso aprender a ideia do outro para, só depois, ter a própria. Mas, de repente, já terminamos a faculdade, entramos no mercado de trabalho. E aí é preciso inovar para não permitir que os concorrentes engulam a empresa em que trabalhamos. E agora?
A boa notícia é que, em paralelo à essa realidade, cresce a percepção de que, como indivíduos, não somos todos iguais. Podemos adotar estratégias e metodologias que, comprovadamente, geram produtividade. Algumas coisas valem, sim, para todo o mundo – cigarros fazem mal, exercícios fazem bem. Ainda assim, somos seres completamente ímpares, impactados por nossa experiência de vida, cultura, família, religião, criação, leituras, escolhas de entretenimento e até mesmo pelo nível de flexibilização do superego, que ajuda a definir crenças e valores.
Podemos então começar a compreender que não precisamos, necessariamente, escolher um único caminho na vida. Leonardo Da Vinci não me deixa mentir: não era ele envolvido com matemática e artes? Alberto Levy, inclusive, também é. E com o aumento da longevidade há mais tempo para pensar diferente, inventar mais, escolher novos caminhos. Por que não desenvolver um novo ofício aos 60? Ainda há muito a ser vivido!
Às empresas, está atribuído o papel de entender o colaborador como um ser de imenso potencial, buscando aproveitar e desenvolver o que há de melhor em cada um. Para os Millennials, isso pode significar uma oportunidade: eles querem, mais do que qualquer outra geração, dizer que são o que são e não vão mudar, independentemente do anseio da empresa. E não é esse tipo de atitude que defendemos aqui.
Recentemente, em conversa com Bruno Rondani, CEO da 100 Open Startups, percebi que existem dois lados dentro da ideia de open innovation: as empresas precisam estar abertas para aprender com as startups mas, as startups precisam estar abertas para se adaptar às empresas. O mesmo vale para o colaborador.
Então, investir na valorização do ser humano, mais do que dar a ele uma sala de descanso ou cerveja na sexta-feira, certamente é ter empatia para compreender o ser humano que existe por trás de um currículo, qual valor ele pode gerar para empresa e como ele pode se tornar um profissional melhor no ambiente de trabalho. De um engenheiro de computação pode nascer um insight sobre o comportamento do consumidor. De um analista de marketing pode surgir uma ideia de melhoria de performance de uma interface ou canal de relacionamento com o cliente.
É por isso que Zuzana Maderová, líder da Status Quack, afirma que “criar é mais arte do que ciência e implementação é mais ciência do que arte”. Uma boa ideia sobre uma área técnica não vem necessariamente de quem irá executá-la. Uma abordagem de marketing não precisa vir do departamento responsável. Cabe a empresa entender pontos de vista e enxergar horizontes, tendo escuta ativa sempre.
Durante o Consumidor Moderno Experience Summit aprendemos, inclusive, que é preciso ouvir todas as ideias para identificar aquela que dará certo. De acordo com Alberto Levy, é provável que ideias que agradam a todos não funcionem tão bem. Então, o que fazer? É preciso aceitar o risco, afinal, todos aqueles que acertaram também erraram pelo menos uma vez.
+ CONSUMIDOR MODERNO EXPERIENCE SUMMIT
O melhor algoritmo para entender um ser humano é outro ser humano