Inovação, criatividade, novas ideias, interdisciplinaridade, disrupção, mudança frequente, IA, automação. Nossa realidade está repleta de conceitos que formam um imenso constrito mental que parece condicionar nossa vida, criando uma ansiedade difícil de superar.
Até que ponto estaríamos todos – profissionais, cidadãos, empresas – preparados para lidar com tantas novas tendências e tecnologias e suas consequências desmedidas? Essas foram as premissas que nortearam o conteúdo do workshop do Consumidor Moderno Experience Summit, que teve Alberto Levy e convidados como condutores.
Este ano, o evento acontece na maravilhosa cidade de Praga, capital da República Checa, com muitas provocações, sobre o quanto tecnologia, tendências, comportamentos, arte e criatividade se aplicam, combinam e impactam uma cultura de tomada de riscos, investimento e comercialização, bem como a adaptação das pessoas comuns a esta mudança contínua.
Toda oportunidade é um desafio nesse momento repleto de conceitos sobrepostos. Mas o que realmente importa diante de tanto alarido sobre a necessidade de mudar e inovar para fazer frente aos “desafios” do mundo? O que talvez a maior parte das pessoas não perceba é o quanto estamos pautando nossas ações e atitudes a partir da força de buzzwords – conceitos que são tão incensados e repercutidos que parecem ser verdades absolutas e indiscutíveis.
Como fazemos para acreditar no que vemos, na informação que recebemos? E por que somos tão receptivos a essas ideias? Por que elas são tão facilmente incorporadas, sem muita crítica ou contestação? Daniel Kahneman, Dani Adrielly, Scott Adams e muitos outros já discutiram esses motivos, e o porquê nossa mente aceita tão docilmente ideias que ganham corpo e volume e se consolidam como mandamentos e imperativos.
Buzzwords
Mas no mundo dos fatos, esse ambiente em que as ideias são o que realmente são e não o que se entende – e o quanto elas podem ser manipuladas – uma buzzword pode simplesmente ser apenas um ruído imenso, sem nenhuma densidade real.
Diante do falatório incontrolável acerca de como empresas podem acompanhar mudanças, como precisam inovar, adotar metodologias ágeis, transformar áreas comuns em playgrounds, até que ponto as empresas não estão simplesmente abandonando seus princípios para se tornarem reféns de novos estereótipos que simplesmente não têm relação com o negócio ou a cultura corporativa?
Essa assimilação sem crítica não seria simplesmente uma nova zona de conforto que se disfarça de “postura inovadora”, irreverente e “sintonizada” com uma tendência que pode ser apenas moda passageira?
Alberto Levy, evangelista da inovação, trouxe muitas dessas novas verdades na abertura do Experience Summit, mostrando dezenas de iniciativas, informações, experimentações e práticas para provar que existe muito mais aberturas e possibilidades do que sprints e agiles para criar oportunidades.
O objetivo de toda empresa deve ser sempre gerar valor e, sim, inovar é condição vital. Empresas que não inovam, limitam sua chance de sobreviver e aumentar sua perenidade. Mas esse objetivo não pode ser baseado apenas em “seguir” a tendência.
Como disse Bill Bernbach, o icônico publicitário americano que revolucionou a atividade nos anos 50-60, “empresas ficam tão preocupadas em seguir as estatísticas que esquecem de criá-las”. Esse é o ponto-chave. Empresas. Hoje elas reúnem condições de criar estatísticas, experimentar ideias diferentes, observar e peneirar toda a informação que acumulam para gerar ações capazes de mudar comportamentos.
Em linhas gerais, Alberto Levy propõe que possamos olhar para o mundano e recombinar elementos para transmitir o diferente, o inusitado, aquilo que responda a uma necessidade que seja endereçada para grupos específicos. Isso condiciona empresas a entenderem quais identidades de consumidores querem atender.
“Empresas ficam tão preocupadas em seguir as estatísticas que esquecem de criá-las”
Bill Bernbach
Essa é a grande tendência para a qual as empresas precisam atentar: consumidores estão a procura de identidades e assumem identidades diferentes dependendo do contexto. Empresas precisam aprender a ler contextos, a interpretar o que é relevante para momentos diferentes, o que pode ser explorado em diferentes contextos de vida.
O famoso “estado de mudança frequente” é um convite para que as empresas dediquem esforço e recursos para olhar para os contextos, incorporando conceitos como meio e não como a finalidade.
Inovação depende profundamente de aplicar ideias que sejam relevantes para momentos distintos que respondam à procura das pessoas por algo que preencha lacunas e proporcione estabilidade às suas identidades pontuais.
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