O Brasil esteve hoje no SXSW. Ricardo Laganaro e Quico Meirelles, ambos cineastas, comentaram justamente sobre o quanto é complicado investir em cultura no país, mesmo sendo parte da elite. Eles são membros da O2, empresa de Fernando Meirelles – pai de Quico, naturalmente.
E como comenta Laganaro, o maior desafio estava ligado a custos e material. “Talvez essa seja uma das poucas tecnologias em entretenimento que chegou no Brasil”, comenta. Mas, o problema, para Laganaro, é que as pessoas não teriam onde ver o Realidade Virtual (VR) – só se fosse feito para o celular. A saída, claro, era driblar a infraestrutura e criar, “apesar de”.
Nesse sentido, ele comenta sobre os desafios ligados a regras da Realidade Virtual – coisas como não poder mover a câmera durante a gravação. Quando decidiram trabalhar com essa tecnologia no Brasil, o fizeram pela primeira vez. Identificaram as regras e… quebraram, como todo bom brasileiro. E aprenderam algumas lições:
Uma delas é que a mídia é a mensagem. Quando desenvolveram o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, usaram a técnica com que estavam habituados, seguindo as etapas conteúdo-narrativa-tecnologia. “Nesse caso, percebemos que o processo é circular: conteúdo, narrativa e tecnologia precisavam andar lado a lado”, afirma Meirelles. Era impossível pensar um e eliminar o outro.
Para o filme que explicava o que era a favela do Rio de Janeiro, feito para o Google, os cineastas perceberam que as imagens desse local eram sempre as mesmas e que precisavam mostrar o tamanho da favela – tanto em dimensão, como um todo, quanto em termos de moradia, de desconforto, de situação econômica.
O projeto funcionou e, outra lição aprendida pelos cineastas, é que vale a pena investir em tecnologias baratas – como uma pequena câmera, semelhante às velhas webcams, utilizada em um vídeo de Ivete Sangalo, um dos mais vistos do YouTube.