*Por Jacques Meir – diretamente de Las Vegas
Entre toda a discussão acerca da grande mudança que começa a tomar corpo, forma e conteúdo nos meios de pagamento e no uso do dinheiro, o Money 20/20 não teve receios de promover um olhar para a inovação e novíssimas tecnologias que começam a ser elaboradas em diversos locais dos EUA, particularmente no Vale do Silício. Foi o Startup Pitch 180, que teve curadoria da Amazon. A ideia foi mostrar o trabalho das 15 startups mais quentes do momento com ideias e produtos/serviços voltados de alguma forma para a relação das pessoas com meios de pagamento.
As startups tiveram 5 minutos para apresentar suas ideias ao júri e à plateia e outros 5 para responder a perguntas do júri. As eleitas pelos jurados e pela audiência ganharam US$ 25 mil de investimento. Acompanhamos o processo todo e elegemos as 5 melhores empresas do pitch. Não por acaso, em nossa lista estão as duas merecedoras do prêmio de US$ 25 mil.
Vamos a elas:
CRNSY – (fala-se “currency). Uma ideia potencialmente explosiva e fortemente disruptiva. Uma solução genial que combina o AirBnb e leva ao extremo a economia colaborativa. A ideia é trazer o câmbio, a negociação, compra e venda de moedas estrangeiras entre pessoas comuns. Por meio do app, elas fazem ofertas, veem quem pode transferir ou trocar determinadas quantias, e faz-se a transação. As pessoas são ranqueadas para que o sistema monte escores de confiabilidade. Simplesmente bate de frente com casas de câmbio e afeta cartões de crédito e sistemas de regulação financeira. Os testes iniciais foram extremamente bem-sucedidos. Provavelmente ajudaria a reduzir a pressão sobre o câmbio em países com a situação atual do Brasil.
Bravo – essa ideia aqui funciona como um mobilizador de campanhas voltadas para o bem comum, causas e assistência comunitária. A ideia é simples. Um app que funciona por geolocalização registra todas as instituições, campanhas, igrejas e casas assistenciais das redondezas por onde quer que o usuário esteja. A informação é qualificada e a pessoa decide apoiar a causa. Não há doações, gorjetas, cartões, nada. Sua predisposição em ajudar e seu potencial são definidos previamente, inclusive a frequência. A plataforma padroniza a concessão de donativos e traz eficiência a essas campanhas.
Carpé – talvez a mais inusitada ideia apresentada no pitch. É um wearable para automóveis. Um dispositivo que se conecta ao seu smartphone e que permite ao usuário fazer compras em sistemas drive thru, sem sair do carro. Por meio do perfil definido via app, basta uma notificação no painel do veículo que a transação é feita sem qualquer outro tipo de interação. Na loja, sistemas como beacons reconhecem o automóvel que, por sua vez, faz a autenticação pareada com o app, totalmente “frictionless”.
Fluent – A startup foi a preferida da plateia e ganhou o prêmio de US$ 25 mil. Uma ideia incrivelmente simples: conecta cadeias de valor, permite acompanhamento de todas as movimentações de produtos, faturamentos, impostos com poucos toques via app. O sistema ainda permite combinar informação e pagamento em uma só transação, com os dados irradiados para os parceiros em tempo real que, assim, conseguem aumentar a qualidade da previsão de estoques, remessas, perdas. Genial.
Monk – esse foi o preferido do júri e mereceu o prêmio em dinheiro. Uma ideia simples, que combina Grameen Bank e kickstarter. O app organiza comunidades de vizinhança que fazem uma “poupança coletiva”. O app não cobra nada para gerenciar os recursos e destinar para investimentos que serão gerenciados pela própria comunidade, como pequenos negócios, negociação de dívidas, ampliação de lojas. Um app de fomento social e mobilização. O case mostrado, da própria família do fundador, tinha US$ 60 mil em dívidas e US$ 2 mil em recursos a haver. Em dois anos, a partir da comunidade gerenciada via app, as dívidas foram pagas e a casa foi quitada. Um pequeno negócio foi criado e reverte dividendos para os 40 participantes do grupo.
O mais impressionante é que todos os negócios apresentados no Startup Pitch atenderam aos 3 requisitos básicos: necessidade, simplicidade e grandiosidade. Ou seja, a ambição de resolver grandes problemas e ter grande potencial de disseminação. Boas inspirações para o Brasil, que começa a respirar o ar do empreendedorismo de forma mais consciente.
*Jacques Meir é Diretor de Conhecimento e Plataformas de Conteúdo do Grupo Padrão.
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