O estudo “Abismo Digital” realizado pelo Instituto Locomotiva em parceria com a PWC foi apresentado pelo Renato Meirelles no Fórum E-Commerce Brasil – Grand Connection em setembro de 2021 e escancara a desigualdade do acesso à internet no país, que é reflexo da disparidade de renda.
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Nos últimos dez anos a penetração da internet no Brasil foi impulsionada pelo acesso das classes DE que alcançou 64% em 2021, enquanto a C chegou a 91%, a B atingiu 99% e a A bateu 100%. Segundo o CETICbr de 2020, o Brasil tem atualmente 177 milhões de internautas e isto representa que 83% da população está conectada.
O abismo digital é evidenciado novamente pelo perfil de consumo no e-commerce, ou seja, enquanto nas classes AB 74% dos consumidores costumam adquirir produtos pelos canais digitais, nas classes CDE 51% dos consumidores são adeptos do e-commerce e nas favelas apenas 32%, sendo que a frequência de compra é menor neste grupo socioeconômico.
É importante observar que os consumidores de baixa renda enfrentam muitas barreiras ao comprar pelo e-commerce, como: a falta de confiança na escolha de itens com receio de erros, o valor da taxa de entrega, a disponibilidade de delivery pelos varejistas locais, experiência anterior com erros na entrega e prazo de entrega longo. Quando se trata das favelas, há uma dificuldade ainda maior na logística, pois cerca de 1/3 dos moradores não conseguem receber os produtos na porta de casa.
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Esta pesquisa revela uma segmentação estruturada com base no acesso digital da população brasileira em quatro grupos que possuem níveis de conexão desiguais. Os segmentos são: 20% desconectados (33,9 milhões), 25% subconectados (41,8 milhões), 26% parcialmente conectados (44,8 milhões) e 29% de plenamente conectados (49,4 milhões). No gráfico a seguir podemos visualizar a composição dos grupos socioeconômicos por renda e a desigualdade fica mais evidente:
Como já é de conhecimento público a desigualdade digital afeta o acesso à informação, à educação, às oportunidades de trabalho e aumento de renda, dentre outros diversos benefícios da tecnologia. E quando celebramos o crescimento do e-commerce e a digitalização dos brasileiros não podemos nos esquecer que esses resultados retratam parte de um país ainda muito desigual.
*Tania Zahar Mine é diretora da Trade Design e professora de Pós-Graduação na ESPM e na FIA
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