Estamos vivendo em um contexto de intensa mudança. Com a pandemia, surgiram novas formas de se conectar, trabalhar e se divertir. É inegável notar que tudo isso exige uma mudança tecnológica intensa, quase imediata, e uma das tecnologias que se compromete a acompanhar toda essa mudança acentuada é o 5G. Contudo, mesmo que a ferramenta se apresente como o futuro das comunicações, ainda é bastante nova e, portanto, precisa passar por alguns processos.
Apostar em uma tecnologia de banda larga móvel hoje é essencial — e é por isso que países no mundo todo estão ávidos pela chegada do 5G —, mas é preciso haver uma segurança regulatória. Dessa forma, é possível fazer com que o uso do 5G seja possível e que a aplicação de ferramentas necessárias também seja adquirida e instalada por investidores públicos e privados.
Foi pensando em um terreno fértil para o 5G que a KPMG produziu a publicação “Encorajando os investimentos no 5G”, que exemplifica as barreiras que a tecnologia ainda tem que enfrentar.
“Países do mundo todo procuram o 5G para impulsionar o crescimento econômico futuro e acertar na política nacional de incentivo a essa nova geração móvel. Nesse cenário, a segurança regulatória é decisiva para os investidores privados ao considerarem os investimentos em infraestrutura de larga escala, como é o 5G”, explica Luis Motta, sócio-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da KPMG na América do Sul.
Uma mudança significativa para as operadoras móveis
A maior parte dos especialistas afirma que o 5G veio para transformar a comunicação online como conhecemos hoje. Embora isso seja bastante animador, há também uma grande preocupação com a estrutura necessária para que a tecnologia seja útil e de fato tenha condições para funcionar.
A KPMG destaca que a maior parte dos países optou por um mecanismo de leilão para que o 5G pudesse ser comercializado e aplicado. Ainda que essa tenha sido uma maneira válida para comercialização do produto, as operadoras de telefonia móvel estão temerosas quanto aos custos da implementação dessa tecnologia.
“As obrigações contidas no pré-edital do 5G devem fomentar o desenvolvimento de novos negócios, desde o compartilhamento de infraestrutura passiva, como dutos, postes, fibras escuras, torres, até o compartilhamento de infraestrutura ativas, como transmissão de dados, equipamentos e virtualização de redes”, indica Marcio Kanamaru, sócio-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da KPMG no Brasil.
Esse é um dos motivos pelos quais, destaca a Kanamaru, a tecnologia ainda não chegou completamente no Brasil. “Os serviços comerciais 5G ainda não foram lançados, pois o espectro provavelmente será comercializado, com possível implementação das redes e comercialização dos serviços e produtos 5G somente no final de 2021 e início de 2022.”
Vale destacar que uma segunda barreira está no próprio mercado: o país tem 97% do mercado de telefonia móvel controlado por quatro grandes operadoras. De acordo com a consultoria, o custo de implementação é reduzido quando há compartilhamento de rede, ou seja, com uma quantidade maior de operadoras de telefonia móvel.
As barreiras do 5G
No Brasil, além de considerar a aplicação para as operadoras de telefonia móvel, é preciso pensar também na geografia do país. O material releva que “os projetos de implementação devem ser estabelecidos respeitando eficiência, velocidade, divisão pelo território brasileiro de forma proporcional e razoável”, algo a ser realizado tanto pelo poder privado quanto pelo público, de maneira a universalizar o acesso à tecnologia.
Isso pode ser feito por meio das capacidades e das frequências de rede para o 5G. A KPMG destaca que, por aqui, a Anatel pretende leiloar três frequências para o 5G: 3,5GHz (200MHz de capacidade), 2,3GHz (100MHz de capacidade) e as sobras da faixa de 700 MHz (10MHz de capacidade). Vale destacar que o espectro de banda média foi, até agora, o mais comercializado em todo o mundo.
“Há um amplo consenso de que uma pauta positiva com mais certezas regulatórias, mais previsibilidade e medidas para estimular a demanda, poderá garantir mais investimentos”, explica Motta.
Em países mais avançados na implementação do 5G, os governos fizeram a comercialização por meio de uma combinação de bandas de espectro distribuída para várias operadoras da rede móvel. Dessa forma, foi possível que houvesse maior concorrência e, portanto, maior capacidade de democratização.
Agora, quanto ao tempo para uma implementação mais democrática — e que também gere um acesso mais fácil —, é preciso encontrar formas de remover barreiras administrativas. A consultoria aponta que “em todos os países considerados, os formuladores de políticas adotaram medidas para remover as barreiras administrativas à implantação da rede.”
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