Entenda e compare o gasto de energia com eletrodoméstico

O consumidor que olha a indicação “A” de maior eficiência energética para definir a compra de um eletrodoméstico pode estar sendo enganado, porque há produtos que apesar de consumir bem mais energia, têm a mesma classificação. Foi o que constatou estudo da PROTESTE Associação de Consumidores ao comparar o gasto de energia de diferentes marcas de máquinas de lavar roupa, geladeira e ar condicionado, como parte da campanha Quem Cala Paga Mais Luz.

A desatualização dos índices do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), coordenado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), e a falta de evolução dos critérios para algumas famílias, fez com que os produtos ficassem concentrados na classificação “A”. O consumidor, na realidade, opta por produtos menos eficientes, pagando mais na conta de luz. Os fabricantes dos produtos mais eficientes ficam sem estímulo para investir em inovações tecnológicas que melhorem ainda mais a sua performance. Os produtos acabam por serem nivelados por baixo nesse critério.

A PROTESTE constatou que 98% das geladeiras Frost Free duas portas (250 modelos) e 84,8% dos refrigeradores de duas portas comuns (56 modelos) têm classificação “A”. Estas duas famílias representam 81,7% do mercado de geladeiras no Brasil, demonstrando que dificilmente o consumidor poderá usar a etiqueta como uma fonte de informação para sua decisão de compra. A última revisão dos critérios de eficiência para esta classe de produtos foi feita há 10 anos, em 2006.

A situação é crítica para o ar condicionado. Com o surgimento de uma tecnologia mais eficiente no mercado (que permite com que os compressores funcionem apenas na velocidade necessária para manter o resfriamento do ambiente com pouca oscilação e consumindo menos – os chamados “inverters”), esta questão fica mais evidente. Para a classe de produtos Split sem essa característica, apenas 29% de todos os produtos disponíveis no mercado são “A”, enquanto que para a família de produtos Split Inverter, 88% dos produtos levam tal selo de eficiência. Desta forma, fica evidente que os níveis da etiqueta deveriam ser mais restritivos, desvalorizando a tecnologia notoriamente menos eficiente e promovendo uma melhor dispersão entre as faixas da tecnologia inverter.

No caso do ar condicionado de janela, a soma das classificações “C” e “D” para os aparelhos de parede não passam dos 11%, demonstrando a concentração na parte superior. O mais crítico é que de 2006 para cá, o valor de eficiência para classificação “A” foi irrisória (na ordem da segunda casa decimal).

Para saber quanto você paga a mais do que deveria em energia elétrica comparando o produto que você tem em casa com o produto mais eficiente da mesma categoria, a PROTESTE preparou uma tabela disponível no site da campanha Quem Cala Paga Mais Luz (www.quemcalapagamais.com.br).

Revisão do Inmetro

Como o consumidor não consegue diferenciar o produto com a classificação da etiqueta, perdendo o programa sua função comparativa, a PROTESTE pediu ao Inmetro a sua revisão compulsória a cada três anos, mantendo no máximo 30% dos modelos com classificação “A” de desempenho energético. E no caso de mais da metade dos produtos alcançarem classificação “A”, em um tempo inferior a três anos, o programa passe por revisão automática dos índices.

Também foi pedida a inclusão de novos parâmetros de medição para máquinas de lavar roupa: eficiência de centrifugação e lavagem e consumo de água. Tais parâmetros estavam sendo previstos na revisão do programa proposta na Portaria nº 314/2014, mas não foram colocados em prática até agora.

É mais baixa a alíquota (10%) do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado para geladeira e máquina de lavar roupa com nível “A” de eficiência energética. Ou seja, para os fabricantes tal situação é cômoda, pois manterão o benefício sem que isto reflita uma melhoria real na tecnologia dos produtos.

Entre as críticas ao programa, a PROTESTE destaca a não consideração para as máquinas lava e seca, do consumo de energia secando roupa. “Isto é um absurdo, pois quem compra o produto com esta função vai querer comparar quanto vai gastar a mais na conta de luz com o uso completo do produto, não só para lavar ou para secar roupa”, critica Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da PROTESTE.

O consumo de energia elétrica durante o processo de secagem é muito maior do que durante o programa de lavagem com água fria. O mesmo produto gasta para lavar 5 quilos de roupa com água fria, uma vez por dia, o equivalente a R$ 3,85 por mês na conta de luz. Já para secar esta mesma quantidade de roupa, acarreta mais R$ 92,11 por mês na fatura de energia (levando-se em conta o custo da tarifa de São Paulo). Isto gera discrepâncias absurdas, pois se classifica o produto quanto a sua eficiência energética pelo gasto de R$ 3,85, enquanto o consumo durante a secagem (ao custo de R$ 92,11), não é levado em consideração.

Ainda, o consumidor não sabe qual o programa deve utilizar para obter os índices contidos na etiqueta, pois esta informação só é repassada pelo fabricante ao laboratório, quando do teste do produto para etiquetagem e acompanhamento. Há máquinas com mais de 12 programas diferentes para serem utilizados, dessa forma o consumidor não sabe qual deles escolher para obter os resultados que deveriam ser os mais eficientes. Tal informação deveria estar disponível na etiqueta do produto.

Para saber mais sobre os direitos do consumidor e como evitar conflitos no relacionamento, não perca o Seminário A Era do Diálogo

Serviço:
O que: Seminário A Era do Diálogo
Quando: 19 de abril de 2016
Onde: Hotel Renaissance
Realização: Grupo Padrão, revista Consumidor Moderno
Mais informações: www.aeradodialogo.com.br ou pelo telefone 55 11 3125-2215

Marcelo Brandão

Editor-assistente de Plataformas de Conteúdo - Grupo Padrão.

Postagens recentes

Exclusivo: tudo o que estou te oferecendo é a verdade, nada mais!

Harold Schultz, da MakeOne, relata treinamento da SingularityU, com o metaverso cedendo espaço à nova…

33 minutos atrás

Dica de livro: a cultura de quebrar regras da Netflix

Fundador e CEO relata a construção dos valores que guiam a gigante do streaming, com…

42 minutos atrás

5 dicas para e-commerces se prepararem para o Dia das Mães

Na data comemorativa, enquanto 77% dos consumidores pretendem dar presentes, 42% deverão realizar suas compras…

2 horas atrás

Mães refugiadas no Brasil encontram oportunidades e recomeço

País possui o maior contingente de pessoas solicitantes de refúgio, e home office gera maior…

3 horas atrás

Apenas 4% das empresas são bem-sucedidas em ações de DE&I

Inclusão digital de consumidores com deficiência gera mais equidade, promovendo maior segurança, autonomia e independência…

3 horas atrás

DPVAT retorna 10 vezes mais caro

Extinto em 2020, seguro obrigatório retorna com novo nome e aumento de taxa, sem distinção…

3 horas atrás

Esse website utiliza cookies.

Mais informação