Concessionárias digitais decretam o fim das gigantes físicas
- Por Carol Rodrigues
- 5 min leitura
Até pouco tempo, existiam três formas tradicionais de se vender um carro: colocá-lo em uma concessionária; deixá-lo consignado em uma loja; ou inseri-lo em um portal de anúncios. Segundo Márcio Leitão, CEO da BMZ Concessionárias Digitais, todos os modelos geram algum tipo de desgaste para o consumidor.
No primeiro, há uma depreciação alta do valor a ser recebido pelo proprietário do veículo; no segundo, a venda acaba sendo lenta e a pessoa fica a pé; e no terceiro, há a falta de segurança e o incômodo das ligações. “Muitas pessoas não querem se expor, pois não sabem quem vão receber para mostrar o carro. Quando só tínhamos essas três opções, mesmo com uma depreciação altíssima, as pessoas preferiam vender em uma concessionária pela comodidade”, analisa Leitão.
Agora, dificilmente voltaremos a ter a presença nas principais vias das cidades das enormes concessionárias de veículos. Muitas delas fecharam durante a pandemia e não reabriram. Afinal, a venda e a compra de veículos também passaram pelo processo de digitalização e, com isso, fortaleceram uma quarta opção: as concessionárias digitais. Nesse modelo de negócios, tudo é on-line, não é preciso ter espaço físico para estoque e não é necessário deixar o carro consignado.
“O cliente não quer só anunciar o carro e ficar recebendo ligação. Ele quer um serviço mais completo e seguro. Essas empresas vêm para tornar esse mercado mais transparente. A compra de um veículo no Brasil é a segunda mais cara que a pessoa faz – a primeira é a da casa – e precisamos esticar o tapete vermelho para o cliente”, argumenta Leitão, que criou a primeira rede de franquia de auto brokers do País.
TRAJETÓRIA
Márcio Leitão era proprietário de um lava-rápido em Mogi Guaçu, no interior de São Paulo, onde recebia carros de concessionárias. Encantado com a área, decidiu atuar na intermediação da venda de veículos. Antes mesmo de abrir o espaço físico – sim, Leitão chegou a ter uma concessionária tradicional – ele atuava com o modelo proposto pela sua empresa hoje.
Em 2017, ele começou a observar uma mudança no setor. “Percebi que o mercado estava fazendo o que eu fazia. Foi quando decidi me aprofundar no mercado de auto brokers, que são os corretores de veículos. Vi que estava em alta na Austrália e nos EUA, onde fui morar.”
GRANDE MUDANÇA
O negócio desenvolvido por Leitão passou por uma expansão em 2020, ao se deparar com a pandemia, que manteve as concessionárias fechadas. “Como as lojas físicas estavam fechadas e por nós termos uma concessionária digital, as pessoas começaram a buscar o nosso serviço para vender o carro.”
O movimento refletiu no faturamento que, em 2020, atingiu R$ 10 milhões. “Uma parte que favoreceu o nosso crescimento é que resolvemos os principais gaps do mercado automotivo”, comenta o CEO. O negócio também está sendo impulsionado pela valorização do carro usado.
“O mercado automotivo no setor de seminovos representa muito do setor no Brasil e não estava tendo um olhar para ele. Nos últimos 50 anos, a única coisa que mudou é que o classificado do jornal se transformou em on-line, que são os portais de anúncios – Webmotors e OLX. Agora que está ocorrendo a grande mudança.”
PUBLICIDADE
O CLIENTE QUER UM SERVIÇO
MAIS COMPLETO E SEGURO.
ESSAS EMPRESAS VÊM PARA TORNAR ESSE MERCADO
MAIS TRANSPARENTE.
A COMPRA DE UM VEÍCULO
NO BRASIL É A SEGUNDA
MAIS CARA QUE A PESSOA
FAZ – A PRIMEIRA É A DA
CASA – E PRECISAMOS
ESTICAR O TAPETE VERMELHO
PARA O CLIENTE
COMO FUNCIONA
A proposta da BMZ é semelhante à do mercado imobiliário, que faz uma intermediação profissional sem comprar o imóvel. Toda a parte burocrática, de cartório, contratos e pós-venda são feitos na sede da BMZ, localizada em Mogi Guaçu, interior de São Paulo, enquanto o franqueado fica com a parte comercial, ou seja, a captação e os anúncios dos carros.
O franqueado visita o proprietário do veículo, faz uma avaliação e precifica. Quando o cliente concorda com a precificação, assina o contrato de prestação de serviço.
“O franqueado fotografa o carro e o coloca na plataforma da BMZ, em todos os principais portais de anúncios e começa a receber as propostas interessadas. É papel do franqueado filtrar quem é potencial comprador. Quando houver um real interessado, ele liga para o cliente e faz o agendamento para mostrar o carro para o cliente. Ele só pedirá para lavar o carro e deixá-lo limpo. Ele chega antes, mostra o carro, apresenta e negocia”, explica o CEO.
Ao concordar com a venda, é o momento de pesquisar multas, entender as formas de pagamento e viabilizar o contrato com a franqueadora. Com o contrato assinado, o valor é pago 100% para o proprietário do carro. O franqueado vai ao cartório e faz a parte de entrega. Depois que o veículo for entregue, a BMZ faz o pós-venda e somente depois o proprietário do veículo recebe o boleto para pagar 6% da taxa de comissionamento.
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