A cada novo avanço da Inteligência Artificial (IA) generativa, cresce também a demanda por infraestrutura capaz de suportar e processar grandes volumes de dados. Nesse cenário, os data centers, que são bastiões do armazenamento e da computação em nuvem, ganham cada vez mais destaque, tornando-se essenciais para garantir o funcionamento das tecnologias emergentes.

Com o aumento da demanda, no entanto, surgem também novos desafios, como o alto consumo de energia elétrica e a necessidade de inovação constante para manter a eficiência operacional. A pergunta que fica é: as empresas estão verdadeiramente atentas às oportunidades e obstáculos que essa realidade traz?

Para entender como a evolução dos data centers pode moldar o futuro da tecnologia, entrevistamos Cleber Morais, diretor-geral da AWS no Brasil, plataforma de serviços de computação em nuvem da Amazon. Ele conta para a Consumidor Moderno sobre como se prepara para atender a procura expoente pelo serviço, quais soluções criativas estão sendo pensadas para contornar adversidades e que transformações podemos esperar daqui para frente.

Confira!

Sobre a demanda crescente por data centers

“O avanço da IA generativa impulsiona o mercado de data centers no mundo todo, inclusive na América Latina. Dados de consultorias apontam um aumento dos investimentos na região nos próximos anos, com destaque para o Brasil, posicionado como o principal mercado. Entre as vantagens do país está a oferta de energia limpa e renovável, fator que se torna a cada dia mais relevante para os negócios.

Esse crescimento acontece porque a IA depende do processamento de imensos volumes de dados, ou seja, está atrelado à capacidade dos data centers e em especial da nuvem, em razão do seu poder de escala.

Globalmente, o mercado de nuvem pública deve se expandir a uma taxa anual composta (CAGR) de cinco anos de 19,4%, segundo a IDC, sendo superior a 20% na América Latina. É um número expressivo, cinco vezes maior que o crescimento do PIB brasileiro”.

Setores que têm liderado a procura

“É possível notar uma grande demanda dos setores financeiro e de varejo pelos serviços de IA e IA generativa. Grandes líderes do setor financeiro brasileiro contam com serviços da AWS para inovar em suas operações. O C6 Bank, por exemplo, está desenvolvendo duas soluções baseadas em IA generativa e analytics com a AWS: uma para revisão de código-fonte do app e outra para atendimento ao cliente. 

No caso das varejistas, empresas como Gimba e Grendene conseguiram transformar-se por meio da tecnologia. O Gimba substituiu o processo manual de inserção e atualização de produtos no catálogo por uma ferramenta de IA generativa. A tecnologia é hoje responsável pela inclusão de cerca de 300 novos produtos por mês, reduzindo o tempo de cadastro em mais de 80%.

Já a Grendene, maior exportadora de calçados do Brasil, está testando IA generativa com a marca Melissa para melhorar recomendações personalizadas, identificar tendências, otimizar estratégia de estoque e aumentar vendas cruzadas a partir de uma assistente virtual”.

Soluções para atender a procura por data centers

“Para atender à demanda crescente, a AWS anunciou em setembro de 2024 planos de investir R$ 10,1 bilhões até 2034 para construir, conectar, operar e manter data centers no Brasil.

Esse investimento na infraestrutura de nuvem e conectividade da AWS, localizada na área metropolitana de São Paulo, se soma aos R$ 19,2 bilhões investidos entre 2011 e 2023 e reforça o compromisso e apoio contínuos para que o Brasil se torne líder na transformação digital da América Latina. 

Outro lançamento do AWS re:Invent 2024 é a próxima geração do Amazon SageMaker, que unifica recursos de análise, exploração, integração e processamento de grandes quantidades de dados, além de permitir o desenvolvimento e treinamento de modelos de IA generativa em uma plataforma integrada. Queremos tornar o acesso à IA generativa mais simples e fácil para os nossos clientes”. 

Maiores desafios do segmento

“As aplicações de IA generativa consomem muito mais energia que outras cargas de trabalho. Para tornar nossos serviços mais sustentáveis, estamos criando data centers e chips mais eficientes, resilientes e que atendem às expectativas dos clientes ao mesmo tempo em que reduzem a pegada de carbono.

Nosso investimento em componentes para tornar nossos data centers mais eficientes já resultou em uma redução de 46% no consumo de energia e uma diminuição de 35% no carbono incorporado ao concreto utilizado na construção dos centros de dados. Além disso, os chips próprios da AWS das famílias Trainium, Inferentia e Graviton são frequentemente atualizados para ganhar performance com menos impacto ambiental.

Outro fator importante é nosso compromisso com energia renovável: em 2024 a Amazon atingiu sua meta de utilizar energia 100% renovável em suas operações. No Brasil, são dois projetos em operação, um de energia solar e outro de eólica”. 

Expectativas para o mercado de data centers

“O mercado de nuvem seguirá crescendo nos próximos anos e a eficiência energética será fundamental nesta evolução, desde o design dos data centers ao resfriamento dos servidores, passando por chips mais eficientes e adequados a cargas de trabalho de alta densidade, como a IA generativa.

Ser ágil em testar e lançar produtos no mercado e em adotar as novas tecnologias serão fatores de sobrevivência para os negócios, e quem já migrou para a nuvem está em vantagem, pois a nuvem oferece serviços sob demanda com escala, flexibilidade e segurança. Os líderes aprenderam que o ritmo de inovação é cada vez mais intenso, e quem não tiver uma estratégia de nuvem, dados e IA vai ficar para trás”.