Classe C: um perfil dos consumidores na era do pós-consumo

Mais de 35 milhões de brasileiros ascenderam à classe C nos últimos dez anos e então a crise chegou, impactando o consumo. O que vai acontecer agora?

A mobilidade social deu poder de consumo (escolha) aos indivíduos das classes D e E. Um novo quadro se formou onde esses consumidores passaram a adquirir novos produtos, investir em escolaridade, moradia, transporte.

Porém, nos anos de crise a renda diminuiu, o desemprego atingiu níveis recordes e a confiança nacional foi abalada. O que esperar dos próximos anos?

André Torretta, sócio-presidente da consultoria A Ponte, explica o que aconteceu de 1994 a 2014: além da mobilidade social, houve o Plano Real, a internet chegou a milhares de brasileiros, muitas crianças entraram na escola.

“Uma mudança de Brasil enorme”, define. Hoje, vemos cidades do Nordeste que tinham condições paupérrimas onde as pessoas estão com um nível melhor de vida.

O que alguns economistas já sentiam no final de 2013 foi evidenciado em 2014. A crise política e econômica chegou, houve uma queda abrupta.

Aliado ao quadro, é preciso considerar a cultura de consumo existente no Brasil. Como lembra o especialista, em termos de hiperinflação, todo brasileiro corria atrás de promoção.

Somar o hábito de compras parceladas com a crise econômica e queda de renda, resulta em um cenário de inadimplência bastante complicado.

Como lembra Denise de Pasqual, sócia e diretora da Tendências Consultoria Integrada, por mais que a Classe A tenha perdido mais renda (12%), os 3% de perda que a Classe C sentiu foi muito mais impactante para o mercado de consumo.