Tomando como ponto de análise o valor da experiência, seja do cliente com produtos e serviços ou no contato com novas tecnologias, a valorização dessa vivência também está atrelada hoje aos modelos de trabalho.
Com a ascensão do Customer Experience (CX) e da centralidade no cliente nas relações de consumo, é natural que as lideranças comecem a prestar mais atenção à experiência do colaborador (EX). Isso implica na busca por modelos de trabalho que promovam o bem-estar das equipes, impactando positivamente tanto a experiência dos clientes quanto os resultados do negócio.
E por que falar de modelos de trabalho importa? Em um cenário onde algumas corporações estão decretando a volta ao trabalho em escritório, diante de outras empresas de sucesso com modelos de trabalhos flexíveis (Work Anywhere), falar de modelos de trabalho é compreender como a experiência do colaborador se tornou um coeficiente decisivo de produtividade e de bem-estar social. Ademais, países como Reino Unido e Espanha já obtém bons resultados adotando a semana de trabalho de quatro dias em alguns setores seguindo o modelo piloto 100-80-100 (100% de salário, 80% de horas de trabalho e 100% de desempenho) auditado pela organização 4 Day Week Global.
O trabalho home office se tornou comum devido à transformação digital e, principalmente, à necessidade de adaptação durante a pandemia de Covid-19. Na época, foi a saída encontrada pelas organizações para seguirem produtivas. Vale lembrar que algumas ferramentas como Teams, Skype For Business e Trello, entre outras, já existiam com a finalidade de auxiliar o trabalho à distância bem antes desse capítulo, mas não haviam ganhado tanta popularidade e relevância dentro das empresas.
Contudo, o que vimos durante e após o período pandêmico foi, além dos avanços tecnológicos no trabalho, a valorização do equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Os sinais e os resultados foram claros: melhoria na saúde mental; maior satisfação e motivação no trabalho; processos engessados sendo reestruturados e ganhando tração com a tecnologia; economia para empresas e colaboradores e, sim, resultados tangíveis.
Para Milton Beck, diretor Geral do LinkedIn para a América Latina e África, o trabalho presencial versus híbrido/remoto é “uma questão superada”. “Hoje cada empresa deve otimizar o trabalho da melhor forma e a partir do entendimento do seu negócio, da função de suas equipes e perfil de colaboradores”.
Laurent Delache, CEO da Foundever no Brasil, afirma que “não há uma resposta genérica” e que, sim, cada empresa e área, deve avaliar o modelo que melhor traz resultados. “No caso do atendimento ao cliente, por exemplo, sempre há o perfil daquele agente que obtém um desempenho melhor na empresa e outro no home office. São diversos fatores que influenciam na sua entrega e temos que estar atentos a isso”.
Luiza Rubio, diretora de People na Nomad, concorda e explica que a Nomad acredita na “adaptação a diferentes realidades”. “Temos times que estão 100% presencial, times que atuam de maneira híbrida e muita gente só trabalha de maneira remota”. E Luiza também vê o papel da liderança fundamental para promover um ambiente saudável, de confiança e suporte em qualquer modelo de trabalho.
Mas o que teria acontecido com nossas apropriações das tecnologias de comunicação não fosse a pandemia? Como seria o entendimento das lideranças sobre modelos de trabalho sem esse desafio vivido?
Para José Ernesto Bologna, psicólogo e professor na Fundação Dom Cabral e Saint Paul Escola de Negócios, sem a pandemia o processo teria sido “mais lento e menos tenso”. Para ele, a utilização dos aplicativos de apoio ao trabalho virtual teria sido menos imperativa, assim como as pressões, de todas as origens e interesses, teriam sido menores.
No entanto, Bologna avalia que o processo como ocorreu nos leva a um fenômeno social bem conhecido: “até onde uma cultura contorna um imprevisto e retorna às suas origens? Até onde uma cultura enfrenta um imprevisto com seus meios disponíveis – cria novos – e incorpora novas práticas na sua própria evolução?”, provoca.
Para o especialista, superada a discussão sobre modelos de trabalho, um terceiro fator social e culturalmente já visível deve ser considerado: “o virtualismo não reverterá!”. “Lembremos que nenhuma cultura que prospera pode pretender ser como sempre foi. Pelo simples fato de que tal atitude não é adaptação”, alerta José fazendo menção ao darwinismo: “quem sobrevive é o mais adaptável, o mais propositor inovador, não o mais forte, nem o mais teimosamente opositor”.
Evidente que, em qualquer modelo de trabalho, toda empresa enfrenta desafios únicos, os quais exigem soluções inovadoras para garantir engajamento, produtividade e uma cultura organizacional saudável. Entretanto, o propósito da valorização da experiência e bem-estar no ambiente de trabalho não elimina a incapacidade de gerar lucro. Ao contrário, essa camada profunda é o tecido que traz tenacidade diante de adversidades.
Se o entendimento sobre modelos de trabalho está avançando, como podemos ser mais produtivos nessa era hiperconectada e na qual o comportamento e o ambiente de trabalho influenciam tanto o nosso desempenho?
Aqui também não há uma resposta generalizada. Não existe um caminho, mas, diferentes possibilidades para buscarmos o equilíbrio entre produtividade e bem-estar. Veja o que cada um desses profissionais pensa a respeito e faz para encontrar equilíbrio e ser mais produtivo.
“Para trabalhos mais complexos, por exemplo, eu procuro organizá-los em subtarefas. Colocar essas demandas e sua divisão, à mão, num papel é a minha solução para produtividade. Eu consigo visualizar e avaliar se a minha produção foi suficiente naquele dia. Outra coisa que me ajuda na produtividade é entender qual a relevância daquele assunto ou demanda para o negócio. Muitas vezes você pode estar fazendo um milhão de coisas, mas que não são importantes para o seu negócio. Ou seja, ficar menos preocupado com a quantidade e focar naquilo que faz a diferença para o negócio. Saber o quanto aquela tarefa está influenciando e sendo relevante no todo”.
“Costumo dizer que a priorização é a regra de ouro da produtividade. Saber o que deixar de lado é tão importante quanto saber o que fazer. Dito isso, sugiro estruturar o dia em blocos de tempo focados em atividades específicas; uso de IAs; em ambientes híbridos ou remotos, comunicação eficiente também é essencial. Técnicas como ICE Score, que nos ajudam a delegar ou até a descartar tarefas que não trazem resultados diretos ao negócio e realizar pausas regulares ao longo do dia, essenciais para manter o foco e a clareza mental”.
“Além de fatores que incidem no desempenho, a depender do nível e área de atuação e do regime de trabalho, a produtividade também está relacionada ao nível de maturidade de cada um. Não há uma resposta genérica. Para mim funciona o modelo híbrido. Há tarefas que prefiro fazer em casa outras na empresa. Como liderança, eu preciso olhar e ser visto”.
“Embora o trabalho híbrido/remoto traga flexibilidade e qualidade de vida, esses modelos também intensificam a linha tênue entre trabalho e vida pessoal, tornando a hiperconectividade um grande desafio. Gerir essa complexidade requer uma abordagem cuidadosa. Na Nomad, pausas adicionais estão contribuindo para reduzir o desgaste mental e proporcionando mais tempo para a vida pessoal dos colaboradores. Também incentivamos o desenvolvimento contínuo das pessoas e das nossas lideranças a adotarem uma postura empática, atenta ao bem-estar e ao cuidado físico e mental das pessoas. Eu costumo dizer que hiperconectividade não significa estar disponível o tempo todo, é importante definir limites e expectativas para que exista equilíbrio”.
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