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Como as marcas podem desafiar e combater o etarismo

Como as marcas podem desafiar e combater o etarismo

Marcas têm investido em campanhas, produtos e iniciativas que abarcam esse público-alvo; possibilidades são infinitas.

No dia 1º de outubro comemora-se o Dia Internacional da Terceira Idade, uma data que simboliza a importância de reconhecer o papel ativo e a contribuição das pessoas idosas na sociedade.

Com o envelhecimento global da população, as empresas têm a responsabilidade não apenas de atender a este público, mas também de desafiar e combater o etarismo – discriminação baseada na idade – em suas práticas de marketing, comunicação e desenvolvimento de produtos.

O crescimento do público sênior

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a população global está envelhecendo rapidamente. Em 2050, estima-se que uma em cada seis pessoas no mundo terá mais de 65 anos. Esse cenário apresenta um impacto direto no mercado de consumo, uma vez que os consumidores da terceira idade possuem grande poder aquisitivo, estabilidade financeira e têm sido mais ativos em diversos setores.

No entanto, as marcas nem sempre têm reconhecido o valor desse público. Por muito tempo, campanhas publicitárias, estratégias de marketing e o design de produtos ignoraram ou subestimaram as necessidades e os desejos dos idosos. Além disso, o etarismo ainda permeia muitas dessas iniciativas, tratando os idosos com estereótipos negativos ou como um grupo homogêneo, o que não condiz com a diversidade e a riqueza de experiências que essa faixa etária traz.

Contudo, nos últimos anos, diversas marcas e empresas começaram a entender melhor as demandas do público sênior e têm promovido boas práticas que servem de exemplo para o mercado. Estas iniciativas buscam integrar o consumidor idoso de maneira inclusiva, respeitosa e sem estereótipos.

1. Tecnologia e acessibilidade: adaptando produtos

As tecnologias de assistência e dispositivos acessíveis estão se tornando uma prioridade para marcas que querem conquistar o público mais velho. Gigantes da tecnologia como Apple e a Samsung lançaram dispositivos com configurações focadas na acessibilidade.

O iPhone, por exemplo, conta com funcionalidades que facilitam o uso para quem possui limitações de visão ou audição, como a leitura de tela e ajustes de contraste e tamanho de texto. Além disso, a Samsung lançou smartphones com interface simplificada, ideal para quem tem menos familiaridade com a tecnologia.

Esses avanços mostram como o design de produtos pode ser ajustado para atender às necessidades de um público cada vez mais conectado.

A acessibilidade deve ser vista não como um detalhe, mas como uma característica fundamental no desenvolvimento de novos produtos, permitindo que pessoas de todas as idades possam utilizar a tecnologia sem dificuldades.

2. Veículos adaptados: segurança e conforto para idosos

No setor automotivo, empresas como Renault e Ford têm investido em carros com tecnologias que facilitam a condução para idosos. Itens como bancos ajustáveis com maior conforto, sistemas de assistência à direção e comandos de voz tornam o ato de dirigir mais seguro e prático para pessoas com mobilidade reduzida ou que desejam mais facilidade no controle do veículo.

A Renault, por exemplo, lançou o Easy Life, que oferece um pacote tecnológico que inclui sistemas de ajuda ao estacionamento e câmeras de visão traseira. Isso demonstra um cuidado com a segurança e a autonomia de motoristas mais velhos, evitando o estigma de que, após certa idade, se deve parar de dirigir. Em vez disso, a marca foca em melhorar a experiência do condutor, garantindo mais conforto e confiança ao volante.

3. Design universal: produtos que atendem a todos

O conceito de design universal é outra tendência que tem ganhado destaque no mercado. Empresas como OXO, famosa por seus utensílios domésticos, foram pioneiras ao criar produtos fáceis de manusear tanto por jovens quanto por idosos, inclusive aqueles com limitações físicas. O sucesso da marca está na simplicidade e na funcionalidade, sem segmentar o consumidor, mas focando em um design inclusivo que possa atender às necessidades de todos.

Outro exemplo notável é a Ikea, que lançou uma linha de móveis com foco em acessibilidade. Os produtos são desenhados para facilitar a montagem e o uso por pessoas com mobilidade reduzida, além de terem funções ergonômicas que garantem mais conforto e segurança no dia a dia. Esse tipo de abordagem reforça a ideia de que a acessibilidade não deve ser um nicho, mas uma prioridade em todos os setores.

Estratégias de marketing e comunicação inclusivas

Se adaptar produtos para a terceira idade já é um passo importante, as estratégias de marketing e comunicação também precisam refletir um posicionamento inclusivo e livre de estereótipos.

Algumas marcas de cosméticos têm liderado o caminho quando se trata de incluir idosos em suas campanhas de forma respeitosa e representativa.

Dove e L’Oréal têm incluído mulheres de diversas faixas etárias em suas campanhas, desafiando o padrão de juventude eterna muitas vezes imposto pela indústria da beleza. As atrizes Helen Mirren, de 79 anos, e Jane Fonda, de 86, são exemplos de embaixadoras de campanhas, provando que a beleza não está restrita à juventude.

Evitando o etarismo em mensagens publicitárias

O etarismo ainda é um problema comum na publicidade. Termos como “velhinho” ou imagens que retratam idosos como frágeis e dependentes reforçam estereótipos negativos. Marcas que evitam o etarismo fazem um esforço consciente para criar narrativas que respeitem a autonomia e a inteligência do público sênior.

A Danone, por exemplo, desenvolveu campanhas focadas no bem-estar da saúde intestinal de idosos, utilizando uma linguagem acessível e respeitosa, sem infantilizar seu público.

O Google também se destacou ao adaptar suas campanhas de educação digital para ensinar idosos a usar smartphones e a navegar na internet, contribuindo para a inclusão digital desse grupo.

Adaptações no atendimento ao cliente

Além de produtos e campanhas publicitárias, outro aspecto crucial para atender bem o público idoso é o atendimento ao cliente. Empresas que investem em treinamento de funcionários para lidar com consumidores mais velhos de maneira empática e paciente conseguem criar uma experiência de compra mais inclusiva e satisfatória.

Bancos como a Caixa Econômica Federal e o Itaú já desenvolveram interfaces mais simples em seus aplicativos móveis e caixas eletrônicos para facilitar o uso por idosos. A navegação intuitiva e os menus mais visíveis ajudam a evitar frustrações comuns para quem não está familiarizado com a tecnologia.

Da mesma forma, a Amazon vem trabalhando em uma experiência de compra on-line mais amigável para idosos, com opções de navegação simplificada e fácil leitura. Essas iniciativas mostram que a personalização não está apenas nas campanhas publicitárias, mas também na própria estrutura do atendimento e das plataformas digitais.

O Carrefour investiu em treinamentos específicos para que seus funcionários estejam preparados para atender idosos de forma respeitosa e atenciosa. Esse tipo de iniciativa não apenas melhora o serviço prestado, mas também garante que o consumidor sênior se sinta valorizado e respeitado em todas as interações com a marca.

O futuro do consumo inclusivo: próximos passos

Com o envelhecimento acelerado da população, a tendência é que cada vez mais marcas comecem a se adaptar às necessidades dos consumidores idosos. No entanto, ainda há muito espaço para crescimento e inovação. As empresas precisam continuar desenvolvendo produtos e campanhas que reconheçam a pluralidade do público da terceira idade, sem cair em estereótipos ou limitar sua abordagem ao assistencialismo.

Os próximos anos prometem ver uma maior integração do design universal em diversos setores e um aumento de campanhas publicitárias que celebram a idade como uma etapa enriquecedora da vida. O desafio para os líderes empresariais é criar um ambiente de consumo que reflita essa realidade e promova um relacionamento mais inclusivo e equitativo com seus consumidores, independentemente da idade.

O Dia Internacional da Terceira Idade nos lembra da importância de incluir a população idosa em todos os aspectos do mercado de consumo. As empresas que já começaram a adotar boas práticas, desde o desenvolvimento de produtos até campanhas de marketing inclusivas, estão pavimentando o caminho para um futuro mais igualitário e sem etarismo.

Com isso, não apenas atendem a um público crescente, como também constroem uma relação de confiança e respeito com seus consumidores mais velhos, que continuarão a exercer sua influência e poder de compra nos próximos anos.

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