Em um momento em que o mercado financeiro e a tecnologia parecem mais imprevisíveis do que nunca, o Sunday Night Live do Money 20/20, em Las Vegas, trouxe à tona discussões fundamentais sobre como navegar neste cenário de transformações aceleradas. Em dois painéis consecutivos, executivas de peso compartilharam suas visões sobre como encontrar solidez em meio às turbulências do mercado de capitais e da revolução da Inteligência Artificial.
Um dos momentos mais aguardados do evento reuniu Sarah Friar, CFO da OpenAI, e Amy Nauiokas, CEO e fundadora da Anthemis. Friar, considerada uma lenda no mercado de tecnologia e integrante do Hall of Fame das Fintechs, trouxe perspectivas únicas sobre o fenômeno ChatGPT.
Como CFO da OpenAI, Sarah acompanha de perto o impacto desta tecnologia na sociedade. “Nós demoramos a compreender o que estávamos criando para as pessoas e quanto poder estávamos colocando no celular delas, ao alcance de qualquer pessoa”, revelou a executiva.
Um dos pontos relevantes para a executiva, foi a versatilidade do modelo de linguagem natural adotado pelo ChatGPT. Segundo ela, a ferramenta consegue responder com igual eficiência tanto a solicitações sofisticadas, como o planejamento de lançamento de um produto no mercado europeu, quanto a demandas simples, como receitas culinárias. É justamente essa versatilidade que, na visão da CFO, tem o potencial de revolucionar áreas como saúde, gestão, marketing e uma infinidade de disciplinas.
A CFO da OpenAI foi enfática ao afirmar que países e empresas não têm alternativa senão investir pesadamente em IA. “Quando o Netscape surgiu, a rápida valorização da empresa me surpreendeu e mexeu comigo. E todo o resto da história da internet apresentou essa aceleração brutal, o que mudou completamente a maneira pela qual empresas competem, e mais importante, como captam investimentos”, comparou.
Amy Naouiskas complementou a discussão destacando como a adoção acelerada da IA generativa tem transformado o espaço competitivo, levantando questões sobre quantas empresas realmente compreenderam o poder disruptivo desta tecnologia, tanto para uso interno quanto para seus clientes.
O Sunday Night Live trouxe outros painéis e destaques, além de Sarah Friar. Uma linha do tempo apresentada pelos executivos do Money 20/20, evidenciou como as fintechs revolucionaram o sistema financeiro global, promovendo inclusão, criando novos meios de pagamento e impulsionando inovações. Um exemplo claro dessa transformação é o processamento de 7 bilhões de ordens de compra e venda diárias no âmbito da NYSE (New York Stock Exchange), possível apenas com o uso de Inteligência Artificial.
No entanto, foram levantadas preocupações sobre como certos algoritmos, particularmente aqueles aplicados nos scores de crédito (equivalente ao Cadastro Positivo), podem inadvertidamente aumentar custos para os consumidores devido à padronização excessiva das avaliações. Em vez de usar esses scores como uma baliza, instituições financeiras os têm utilizado como marcadores definitivos de confiança, criando potenciais vieses na avaliação do consumidor.
A velocidade vertiginosa com que as IAs estão evoluindo criou um cenário particularmente desconcertante para a tomada de decisão nas empresas. Em ambientes fortemente direcionados à mitigação de riscos e à construção de certezas, as discussões no Money 20/20 evidenciam um paradoxo crucial: enquanto a necessidade de adoção da IA é consenso, o “como” e “quando” implementá-la têm gerado mais perguntas que respostas. O mundo não é apenas hiperconectado – ele agora exige que as organizações desenvolvam proficiência em IA para manterem sua competitividade.
Este novo contexto levanta questões fundamentais sobre preparação e sobrevivência no mercado. Quantas empresas realmente possuem a agilidade necessária para responder a um ambiente onde a proficiência em IA não é mais um diferencial, mas um requisito básico? A própria OpenAI, como revelado no painel, surpreendeu-se com a velocidade de adoção e o impacto de suas criações.
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